Sejam bem-vindos!

Amigos,
Duas vezes por mês deixarei um pequeno artigo sobre coisas que a tradição, a sabedoria popular, a imprensa, as frases prontas e os clichês nos fizeram acreditar!
Os textos anteriores ficarão em três pastas: "Vamos aos Fatos", "Deixe o Cara" e "Atualidades". Sugiro ler os artigos a partir do primeiro; e à noite tem mais clima!
A intenção é lançar o tema para discussão. E a discussão pode ficar bastante interessante. A vantagem é que daí, pessoalmente não precisaremos falar nada sério. Espero que gostem, comentem sobre o tema, curtam, acrescentem, discordem, expliquem melhor, coloquem reflexões, frases... e indiquem aos amigos para que façamos um grupo aberto pensante.
PENSAR MAIS, ACREDITAR MENOS!
Divirtam-se, Carlos Nigro

terça-feira, 29 de maio de 2012

Veganos. Você acredita mesmo nisso?




Criar animais para a produção de ovos, laticínios e carnes, para a pesca, para as pesquisas científicas... são imorais (porque) os que defendem o uso de animais... não aprovariam serem usados à força como cobaias para salvar a vida de animais não-humanos. (Por isso) o dever de nos tornarmos veganos e reivindicarmos a abolição do uso de animais em todas essas áreas...; ou seja, sua posição não é imparcial, é especista. Fossem os papéis invertidos, os humanos considerariam uma calamidade tal uso. Precisam oferecer uma razão para se pensar que o tipo de problema que aflige os humanos é mais importante.”
“O egoísmo é indefensável, como também toda uma família de visões normativas que dele deriva: especismo, racismo, machismo e homofobia, por exemplo.”
“... comer comida de origem animal é tão injusto quanto botar fogo em alguém por pura diversão ou estuprar.”
“Por que a espécie biológica e não a raça, gênero, orientação sexual, número de vogais no nome ou formato da sombrancelha?”
“... não há como se defender a idéia de que a vida humana possui maior valor do que a vida de animais não-humanos.”
O princípio do veganismo é que uma pessoa vale tanto quanto um peixe ou uma formiga porque não existiria nada que justifique a crença de que os animais humanos tenham status superior. E é esse o ponto que deve ser discutido porque todo o resto deriva dele.
A noção da própria existência e da morte (1), a cultura, as escolhas, as responsabilidades e a liberdade por não sermos determinados geneticamente a agir da mesma forma que todos os outros indivíduos torna a espécie humana especial e superior às outras espécies. 
Somente a consciência humana é capaz de ter conhecimento aproximado da realidade, da verdade. 
E somos especiais também por motivos que sinto, que intuo, que não sei verbalizar nem racionalizar porque “o coração tem razões que a própria razão desconhece” - no sentido original pascaliano (2). A razão é uma ferramenta humana para descrever a realidade que intuimos e sentimos por experiência direta.
Não maltratar animais e matar animais da forma mais indolor possível é um dever moral. Fazer sofrer ou assassinar, por motivos fúteis, é fazer o mal. Mas a própria ideia de que isso seja maldade é fruto apenas da razão humana, os animais não raciocinam e não tem valores.
Experiências para voltarmos à realidade:
  1. Um pequeno avião monomotor cai e você e seu filhinho de cinco anos sobrevivem. Vocês estão tomando só água e quase mortos de fome. Existem peixes. Como você não é especista tenho certeza que você jogaria uma folha para o ar: se cair de um lado você pesca e come peixe; se cair para o outro, você mata seu filho.
  2. A casa está pegando fogo. Sua filha (não coloquei filho novamente para não me acusarem de machista) está lá dentro. Seus dois gatos também estão. É perfeitamente possível salvar primeiro um gato - até para deixar bem claro para os vizinhos e para sua família que você não é um especista. E depois de ter salvado o gato você poderia escolher entre salvar o outro gato ou sua filha. Não, você não pode agora automaticamente ir salvar sua filha porque senão você não estaria tratando-os como iguais, mas como membros de espécies e isso é especismo. Talvez fosse salvo o outro gato e neste maravilhoso mundo novo os avós chorariam a morte da neta - poderia não ter dado tempo para salvar - mas admirariam ainda mais o filho que não se apegou ao especismo.
Eu pescaria e pegaria primeiro a menina porque, não sabia, sou um especista. O autor afirma que pessoas especistas como eu são seres imorais, deploráveis como “os racistas e os machistas”.
Mas eu e, acredito, a maioria dos seres humanos não raciocinariam desta forma e nem passaria pela minha cabeça que fiz uma escolha. A própria ideia de que o pai ficasse raciocinando para escolher qual dos dois matar (peixe ou filho) ou quem pegar primeiro (mesmo que não fosse filho(a)), para mim, e para muitos, é que seria imoral.
Somos superiores aos macacos, aos porcos, aos peixes, às formigas Issas e às laranjas. É importante ter senso de proporção e de realidade.
Nosso planeta Terra é mais importante que Marte. Eu prefiro que um asteróide caia em Marte do que aqui na Terra. Eu sei que você deve estar me xingando de planetista. Quanto ao Reinismo, prefiro ver uma pedra ser destruída a pó a uma arvore ser derrubada. Prefiro ver um pé de alface ser arrancado da terra para dar comida a uma pessoa faminta a ver um peixe ser morto. Quanto ao especismo prefiro o abate de um porco ao seu assassinato ou de seu filho. Quanto ao racismo na espécie humana não passa de uma discussão de ignorantes porque não existe, geneticamente, raças humanas e discriminar o outro pela cor da pele ou pela cor dos olhos é coisa de imbecis.
Existem várias confusões conceituais e lógicas ao afirmar quedo egoismo deriva a homofobia, o machismo, o racismo e o especismo”.
O egoísta e o altruísta são conceitos extremos, caricaturas fora da realidade.  O egoísta ficaria sozinho, assim agiria contra si mesmo. O altruísta se beneficia com o próprio bem que faz. São situações misturadas indescritíveis.
Não é possível da defesa da valorização de cada pessoa humana, única e especial, derivar para a homofobia, o machismo e o racismo. Mas deriva mesmo para o especismo porque todas as pessoas são muito mais importantes do que os indivíduos das outras espécies - não tente concluir desta frase que eu defendo a extinção de todas as espécies.
As expressões usadas “animais-humanos” para diferenciar dos “animais-suínos”, “animais-peixes”, tem a intenção óbvia de deixar todas as espécies do Reino Animal num mesmo bloco indiferenciado. Disso decorre, logicamente, que uma criança vale tanto quanto um bezerro, um porco ou um hamster.
Esta manobra para igualar seres-humanos aos animais já foi utilizada com muito sucesso pelos nazistas em relação aos “ratos” judeus, por Stalin (com os ciganos e judeus) e, atualmente, em genocídios africanos. É muito mais fácil matar e domesticar outros seres-humanos se vermos neles simples animais sem autoconsciência do que se concebermos cada pessoa como alguém muito especial e único. Os regimes comunistas investem e encaram os cidadãos desta forma. Os favoráveis ao aborto e ao infanticídio, à pena de morte e à eutanásia também. O Homem animalizado escravizado pela inteligetsia.
O indivíduo necessariamente desaparece por trás da animalidade e da coletividade. O que resta é o discurso ecológico, o endeusamento da Terra e da sociedade. São conseqüências dessa dissolução do indivíduo como alguém único e especial: o totalitarismo, o eugenismo, o infanticídio e, em breve, manipulações genéticas e clonagem.
Este post não pretende fazer você nem os seguidores veganos mudarem de ideia, mas serve para as pessoas interessadas pelo tema pensarem melhor sobre o assunto.
Notas:
1)  Os animais não tem um projeto de vida, por isso a morte não lhes tira nada - é chocante, mas é verdade. Aquelas pessoas que por alguma infelicidade não podem raciocinar e de planejar seu futuro continuam sendo seres-humanos como nós.
2)  ¨O coração tem razões que a razão desconhece¨ - frase de Pensamentos (1670-póstuma), nada tem a ver com oposição entre razão e sentimento. Na verdade, as razões do coração são princípios que não são demonstráveis; escapam à razão, mas não os admitir como verdades impossibilitaria qualquer raciocínio. É uma frase para a condição humana, não para o amor. A razão é frágil.