Sejam bem-vindos!

Amigos,
Duas vezes por mês deixarei um pequeno artigo sobre coisas que a tradição, a sabedoria popular, a imprensa, as frases prontas e os clichês nos fizeram acreditar!
Os textos anteriores ficarão em três pastas: "Vamos aos Fatos", "Deixe o Cara" e "Atualidades". Sugiro ler os artigos a partir do primeiro; e à noite tem mais clima!
A intenção é lançar o tema para discussão. E a discussão pode ficar bastante interessante. A vantagem é que daí, pessoalmente não precisaremos falar nada sério. Espero que gostem, comentem sobre o tema, curtam, acrescentem, discordem, expliquem melhor, coloquem reflexões, frases... e indiquem aos amigos para que façamos um grupo aberto pensante.
PENSAR MAIS, ACREDITAR MENOS!
Divirtam-se, Carlos Nigro

terça-feira, 26 de junho de 2012

“O filho deseja a mãe.” Você acredita mesmo nisso? Amor - Parte 5




Ideia Central:
O menino(a) não quer transar com a(o) mãe(pai).
O filho(a) ama - do seu jeito infantil (obviamente) - os pais.



No útero nos sentimos seguros, em harmonia e em unidade com tudo que nos cerca - o paraíso. Nascer é uma transição para pior.
Até os 10 meses de vida a criança ainda percebe a mãe, ela e o ambiente unidos. Mas a existência de sensações agradáveis e desagradáveis são um sinal de que algo mudou após aquele apocalipse uterino.
Com um ano de idade a criança percebe que a mãe e ela própria são duas pessoas. É o início da noção do EU.
Até os três anos ela sabe que basta existir para ser amada - EU e o resto!
A criança está desamparada (fome, frio, desconforto, solidão, dor), depende da mãe para tudo - isto não é desejo (sexo); é uma carência, uma necessidade (amor).
O bebê precisa do amor de sua mãe. (A)
Freud teve a ideia de associar A+B e concluiu que o bebê quer sexo com a mãe. A criança viveria uma sexualidade perversa, egocêntrica. Desejaria Jocasta com ciúme de Laio.
Mas o sexo não é egoísta, por isso não existe ciúme. É por amor (egoísta) que ela disputa a mãe com o pai.
Sexo e amor tem estímulos diferentes, acontecem de forma diferentes, levam a efeitos diferentes. A ideia da relação sexo - amor tem início nesta derrapada freudiana.
A derrapada fez com que pais não beijassem suas filhas para não a estimularem sexualmente. Não beijassem seus filhos para não ensinarem comportamentos homossexuais. Não sabiam distinguir carinho (amor) de excitação sexual e ainda acreditavam que sexo e amor andavam juntos!
Os pais (A) são saudáveis (na maioria do tempo) e os filhos pequenos, carentes (na maioria do tempo). Quem precisa de amor, de ser amado é o filho (B).





A criança sente que é amada e pertence à família; admira, respeita e tem muitas afinidades com os pais - a agradável sensação de estar junto.
A criança se identifica com seus pais, se enxerga neles, por isso ama seus pais. O filho (mesmo se adotado) sente mais amor pelo pai ou mãe que mais se identificar - um amor por si mesmo. É inerente à infância a incapacidade para um amor verdadeiro (1) e não é possível amar a si mesmo.
Mas este amor pelos pais e o dos pais pelos filhos é fundamental para o desenvolvimento das crianças. O paraíso perdido (útero) é uma vivência muito recente; a falta, as necessidades são muitas, o prejuízo foi muito grande. O amor pelos pais restaura a unidade uterina.
Por isso as relações familiares se impõem naturalmente, não por crença ou sob uma autoridade.
É inerentemente assimétrica - a hierarquia é óbvia e necessária.
Os pais cuidam dos filhos, ensinam, através do exemplo, moral (deveres / pai) e ética (amor / mãe).(2) Na verdade, os papéis masculino e feminino continuam como referência mesmo que não seja nos pais - uma avó, um tio, um professor, mesmo inconscientemente.
Para isso, não é necessário muito tempo juntos. É importante os pais ficarem pouco com os filhos, mas à disposição. E para manter um bom relacionamento é preciso se distanciarem também.
Longe dos pais eles desenvolvem a individualidade, se relacionam melhor com os outros - inclusive com adultos - em igualdade, por isso não esperam, tomam iniciativa e se desenvolvem mais rápido. O contato excessivo com os pais ou avós infantiliza a criança, atrapalha a formação de uma personalidade mais independente e corajosa.
Quando a criança está bem, segura, ela prefere brincar e se divertir longe da mãe (amor); sozinho, com os amigos ou com o pai.
O aproximar-se e o afastar-se torna possível seguir simultaneamente o impulso de liberdade (individualidade) e a ânsia por pertencimento.(3)
Os pais são, muitas vezes, quem oprimem, controlam, fazem chantagens, prendem e castram o indivíduo. Fazem isso através da autoridade, do exemplo, da tradição ou do dinheiro. “Tudo para o seu bem”, claro!
“Largue sua família”(4) para se libertar, para fazer o que quiser (emigrar, profissão, sexualidade, time de futebol...) - é o momento em que Édipo mata Laio: mata para existir ou será castrado, reduzido ao silêncio.
É a certeza de que é amado pelos pais que o torna seguro, confiante para seguir sem eles.
Notas: 
1)  A criança se coloca como alguém muito especial, que tem direito a praticamente tudo.
2)  Na mitologia e na psicanálise, a mãe é o arquétipo da Natureza, do amor; o pai é a cultura, as normas, os deveres. O fato de nascermos do útero da mãe e nunca do pai é a causa disso. É assim que a criança percebe as coisas e que nos marcam para sempre.
3)  Flávio Gikovate.
4)  Jesus disse. Buda fez.