Sejam bem-vindos!

Amigos,
Duas vezes por mês deixarei um pequeno artigo sobre coisas que a tradição, a sabedoria popular, a imprensa, as frases prontas e os clichês nos fizeram acreditar!
Os textos anteriores ficarão em três pastas: "Vamos aos Fatos", "Deixe o Cara" e "Atualidades". Sugiro ler os artigos a partir do primeiro; e à noite tem mais clima!
A intenção é lançar o tema para discussão. E a discussão pode ficar bastante interessante. A vantagem é que daí, pessoalmente não precisaremos falar nada sério. Espero que gostem, comentem sobre o tema, curtam, acrescentem, discordem, expliquem melhor, coloquem reflexões, frases... e indiquem aos amigos para que façamos um grupo aberto pensante.
PENSAR MAIS, ACREDITAR MENOS!
Divirtam-se, Carlos Nigro

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Parte 3: O Brasil é um país racista

Entrevista exclusiva com os maiores especialistas e defensores do racialismo no Brasil.







Blog: Aprendemos sobre a falta de significado de “raça” e sobre a falácia da “dívida histórica”.
O Brasil é um país racista?

Racialista: É claro que é.


B: Mas o Brasil não tinha leis racistas desde 1888.

RSim, não tínhamos leis racistas, mas era um racismo pior, não declarado, hipócrita, sinuoso, imperceptível, que permeava toda a sociedade brasileira.


BUm racismo não declarado é pior que um racismo declarado e amparado por leis racistas?

RSim, porque passa a nítida impressão de que ele não existe.

BEntendi: um racismo legal é preferível a um racismo ilegal. 

RO Estado brasileiro não era racista, mas os brasileiros são racistas.


BPara afirmar que a população de um país é racista é preciso constatar que o racismo seja crença amplamente aceita por uma parcela significativa da população e da opinião pública e fortemente inscrita, senão nas leis, nos costumes, certo?
No Brasil não existem guetos raciais, não existem grupos racistas organizados, não existem livros de apologia racial...

RIsso não existe; por isso a falsa impressão de que o Brasil não é racista!
Você vai acreditar nos seus sentidos e na sua inteligência para perceber a realidade ou vai acreditar no que nós dizemos?


BEu acredito na minha capacidade de analisar o mundo. Mas entendo que acreditar no que vocês dizem exige menos e prova que se trata de uma pessoa boa.

RE você ainda terá mais amigos legais: artistas e intelectuais.


BMe sinto solitário e triste.
Vocês tem exemplos de racismo no Brasil?

RSim. Repare; nas casas o negro era sempre o empregado. Nas empresas, era quem fazia o trabalho braçal, raríssimamente ele era o presidente ou membro da diretoria.


BNão seria porque são pobres e desqualificados?

RExato! A maioria dos negros é pobre, comprovando a desigualdade social motivada pela raça.


BA maioria dos brancos é pobre.
RO que queremos dizer é que há desigualdade social porque existem poucos negros ricos, empresários, presidentes de empresas... E estes poucos só conseguiram chegar lá por esforço pessoal.


BSer bem sucedido por esforço próprio é ruim?

RSim, porque prova que o Estado não fez nada por ele.


BEntendi. O Brasil é um país racista porque existem poucos negros ricos.

RSim. (1)


BMas para que esse efeito econômico pudesse ser explicado pelo racismo, seria preciso provar a presença atuante de uma ideologia racista na sociedade brasileira, a presença de milhões de pessoas prejudicando negros, em dose capaz de produzir esse resultado pelo acúmulo de exclusões propositais dos negros pelos brancos nos empregos, nas vagas escolares, etc. e isso não existe.
Conheci poucas pessoas que fizessem comentários racistas. Não conheço e nunca conheci alguém que prejudicava negros na escola, nas empresas, nos hospitais...

RComo te disse, o racismo no Brasil sempre foi algo muito sinuoso, discreto, hipócrita - as pessoas fingem que não são racistas, por isso não fazem nada e não dá para perceber.


BÉ, o brasileiro disfarça bem. É muitíssimo comum a união de pessoas de cores de pele diferentes.

RSim, mas só entre os pobres. Os ricos são racistas, por isso não casam com negras.


BMas você não disse que os negros são pobres? Casamento de homem rico com mulher pobre só acontece em novelas! As pessoas se casam por afinidades culturais. 
“Se o Brasil viveu a inequívoca violência da escravidão, também tem na sua história o impulso para a integração e a miscigenação. Negros, brancos, índios, pardos, cafuzos, caboclos, mulatos, pardos, moreninhos e outros são os descendentes da beleza da miscigenação brasileira” - Ali Kamel. (2)
Os brasileiros acreditavam, até 10 anos atrás, que era um cartão de visitas para o Brasil a ideia de que aqui é um país de convivência harmoniosa e misturada entre raças, povos, culturas e religiões; que os brasileiros não ligavam para essas coisas.
Você acha que as campanhas de esclarecimento, de conscientização e as ações afirmativas promovidas pelo governo brasileiro e muitas ONGs estão conseguindo acabar com esta ideia tão enraizada, mas, pelo que estamos aprendendo com vocês, falsa?


RSim. Os brasileiros estão ficando cada vez mais conscientes de suas diferenças, se identificando nos grupos organizados da sociedade civil (negros, índios, gays, mulheres, idosos, funcionários públicos) que é a instância adequada para defender seus próprios interesses e cobrar do Estado privilégios e direitos exclusivos por tudo que a sociedade lhes tirou e lhes fez sofrer. Isso é Justiça Social.



BOs brasileiros não agem como racistas, não parecem racistas, mas no fundo são racistas, é isso?

RSim. Já conheci e fiquei sabendo de pessoas racistas.


BA existência de pessoas racistas não faz um país racista. Que culpa o Brasil ou os brasileiros podem ter se um Zé Mané é racista? Azar o dele; se ele agir e prejudicar alguém por racismo ele será criminalizado e isto já existe na constituição. (3) (link Veja mais em “Temos de acabar com os preconceitos?”).
No Brasil, uma pessoa que age ou até mesmo tem opiniões racistas é fortemente contestada até pelos amigos e pela própria família. É impossível e nem deve ser um objetivo do Estado - porque será em vão e sobrevirá outras ideias estatais obrigatórias - mudar a maneira de pensar destas pessoas. A existência de pessoas com preconceitos contra homossexuais; paulistas, nordestinos ou sulistas; gordos, loiras ou “brancos de olhos azuis”; judeus, evangélicos, muçulmanos ou ateus; não faz um país ser categorizado por tudo isso.
Todos são iguais perante a lei.

RSempre tem alguém que aparece com este argumento.” - Miriam Leitão, jornalista.


B“Ora, numa democracia, o princípio que estabelece que todos os homens são iguais perante a lei — a Justiça — é a garantia de que o pequeno não será punido porque pequeno nem poupado de seus crimes; em que o grande não será protegido porque grande, mas também não terá seus direitos aviltados por isto.” - Reinaldo Azevedo, jornalista e blogueiro.

R“Mas o tratamento diferenciado aos discriminados existe exatamente para igualar oportunidades e garantir o princípio constitucional.” - Miriam Leitão, jornalista.


BVeja, concordo que seja tarefa do Estado proporcionar igualdade de oportunidades: educação e saúde pagas pelo Estado (a péssima qualidade é que é discriminação); distribuição de cestas básicas para ajudar as pessoas a sair da miséria; crédito a juros baixíssimos (até mais baixos dos que o BNDES dá para as grandes empresas) para casas próprias e pequenos negócios.
A intenção é melhorar suas condições para que possam prosseguir com suas próprias forças - sempre que possível -, mas sem prejudicar todas as outras pessoas. A busca da iguadade de oportunidades e tratamento diferenciado não pode ser feita subtraindo um direito de todos (universal).

RQuerido, este é um princípio constitucional, é o Artigo 3º de nossa constituição. Se você não sabe: 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.


BSeria lícito, no entanto, aplicar o que prevê os três incisos discriminando pessoas, seja essa discriminação positiva ou negativa? O inciso seguinte do mesmo artigo responde:
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
BVocês não estão contra a lei?

RA sociedade civil organizada progressista está fortemente mobilizada para a adoção das novas leis contra esta lei conservadora.


B“O princípio da impessoalidade na administração pública, consagrado na Constituição, serve - digo serveria - tanto para coibir o patrimonialismo tradicional quanto para conter a tentação contemporânea de subordinar os interesses gerais difusos aos interesses ideológicos organizados.” - Reinaldo Azevedo, jornalista e blogueiro.

RCriamos e aprovamos o Estatuto da Igualdade Racial, o Ministério da Integração Racial e agora as leis de Cotas Raciais com a chancela do STF.
Por que você não desiste? Todos pensam como nós - o governo, os parlamentares, o STF, os jornalistas, os intelectuais, os artistas, os grupos organizados da sociedade civil enfim, todas as pessoas de bem... O Brasil mudou. Os conservadores perderam, os progressistas venceram.
"Basta ver o caráter marginal daqueles que se opõem ferozmente a essas políticas". - Ricardo Lewandovski, ministro do STF.


BAs leis raciais no Brasil é uma vitória dos políticos progressistas, certo?
RÉ claro! “É natural que as ações afirmativas sofram um influxo de forças contrapostas e atraiam resistência da parte daqueles que historicamente se beneficiam da discriminação de que são vítimas os grupos minoritários” - Joaquim Barbosa, ministro do STF.


BComo ocorre esta discriminação aos “grupos minoritários”? Quem são os beneficiados e quais são estes benefícios?

RÉ difícil dizer. “Discriminação produz efeitos perversos” - Joaquim Barbosa, ministro do STF.


BQuais são estes efeitos perversos?
O preconceito racial de alguns não leva a desigualdades sociais. (4)
É a falta de qualidade nas escolas, é a falta de conhecimento que leva a desigualdades sociais.
Como o Estado brasileiro vem trabalhando para despertar a conscientização racial?

RInventamos o "Dia da Consciência Negra"; cotas raciais nas faculdades e concursos públicos, verbas do Min. Cultura específicas para filmes, livros, peças que façam apologia da raça negra. Um artigo do Estatuto da Igualdade Racial elaborado pelo companheiro Paulo Paim determinava que as certidões de nascimento, os prontuários médicos e outros documentos oficiais informassem a raça de seu portador. Era uma forma bem eficiente para que cada brasileiro se conscientizasse e não se esquecesse pelo resto da vida que pertence a uma raça e também permitia saber a raça dos outros.  O documento atestava a sua raça, como um sêlo. Infelizmente setores atrasados de nossa sociedade foram contra e por causa do Sen. Demóstenes Torres foi retirado. (5)


BBela mulata!
Isso, na prática, é um exercício de discriminação racial, sancionado pelo estado.

R: Esta não é uma ideia brasileira.


BConcordo; o Brasil não é o primeiro país do mundo a promover a discriminação racial. Os nazistas, o governo do Apartheid na África do Sul e vários países africanos, atualmente, também identificam as vantagens deste modelo. Desta forma é possível identificar quem são os bons (as vítimas) e quem são os maus (os culpados).

REu diria que é uma forma eficiente de categorizar as pessoas e sabermos a que grupo cada um pertence.


BÉ comum que, desta política, decorram conflitos sociais, guetos,  campos de concentração...

RSão apenas efeitos colaterais para a construção de “um mundo melhor”.


BÉramos um país miscigenado, nos orgulhávamos do sincretismo religioso, da cultura, da música com características da cultura africana e com forte aversão a pessoas racistas. Agora todos os racistas tem seus motivos incentivando o orgulho e a divisão - a desconstrução da identidade nacionala construção da identidade racial.

REstamos trabalhando muito para isso. É importante mudar esta cultura brasileira.
“Na área cultural, há o objetivo de direcionar recursos para a produção de filmes sobre a temática racial” - Mário Lisboa Theodoro, secretário-executivo da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, em 29/5/2012. (6)


BNos EEUU, devido às leis racistas que existiram após o fim da escravidão, ainda é comum manifestações de racismo entre brancos e negros para fortalecer a identidade racial.
Os EEUU deveriam imitar o Brasil, mas o complexo de inferioridade em relação aos EEUU (paradoxalmente pelos anti-americanos) fazem com que queiramos implantar o racismo deles aqui. A ideia é essa?

R“Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural. É natural que aconteça, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou.” - Matilde Ribeiro, então ministra da Integração Racial (!), em entrevista à BBC, dia 27 de março de 2007. (7)


BMas não existe ninguém que foi açoitado a vida inteira. O último açoitado foi no séc. XIX.

RO que eu quis dizer é que as dificuldades que os negros têm na vida são culpa dos brancos.


BSe eu arrumasse uma desculpa qualquer pra dizer que “é natural” haver racismo de brancos contra negros, seria preso - crime inafiançável. Mas eu não diria isso por vários motivos. Em primeiro lugar, porque não é o que penso. Em segundo, porque, conforme está claro, se pensasse, não seria idiota de me expor ao risco de ser punido. - Reinaldo Azevedo, jornalista e blogueiro.
Justificar o racismo de negros contra brancos traz bons resultados para o Ministério da Integração Racial?

RChamamos isso de “discriminação positiva”.


BE é com base na “discriminação positiva” que agora temos leis que privilegiam negros para entrar nas faculdades. Os negros não entravam por racismo?


Ideia Central:
O Brasil tinha leis baseadas em raças até 1888, portanto era um país racista.
Não existe nada para que se possa alegar que os brasileiros sejam racistas.
As atuais leis que privilegiam negros “não são racistas”. Seriam se favorecessem os brancos. Cuma!?!
O “Brasil racista” é um conceito ideológico. 

Continua... Cotas Raciais!


Notas:
(1)
Qualquer principiante de metodologia científica sabe que oferecer uma estatística como se fosse ela própria sua auto-explicação causal é, cientificamente, uma fraude.

(2)
Não somos racistas, de Ali Kamel.

(3)
Carta Constitucional; inciso 42 do Artigo 5º;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.
A Lei, no caso, é a 7.716, de 1989, que teve dois artigos alterados pela 9.459, de 1997. O Artigo 20 proíbe:
“Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.”

(4)
O economista americano Thomas Sowell, pesquisador de políticas públicas da Universidade Stanford e negro, escreveu o livro Ação Afirmativa ao Redor do Mundo, no qual conclui que essas políticas de cotas fracassaram em todos os países onde foram adotadas. Aumentou um pouco a inserção dos negros, apenas um pouco, e a um custo desastroso. Nos Estados Unidos, onde as cotas raciais começaram a ser banidas em 1978, houve prejuízos às universidades e empresas sem que a situação socioeconômica dos negros fosse alterada sensivelmente. Desde 1978, por decisão da Suprema Corte, elas são proibidas, seja em universidades, empregos públicos, seja em programas televisivos. Permite-se que haja políticas de incentivo à promoção dos negros, mas nada parecido com cotas raciais, pelo fato elementar de que são, obviamente, inconstitucionais. Na África do Sul, o resultado foi um desastre. A qualidade do serviço público despencou e o desemprego entre os negros subiu de 36% para 44%. Na Índia, as conseqüências foram ainda mais amargas. Numa única escola de medicina do estado de Gujarat, onde havia sete vagas destinadas aos dalits, 42 pessoas morreram num protesto contra as cotas.

(5)

Abaixo como o PT queria:

Estatuto da Igualdade Racial.
SUS, medicina e biologia exclusivos dos negros
Art. 10. O direito à saúde dos afro-brasileiros será garantido pelo Estado mediante políticas sociais e econômicas destinadas à redução do risco de doenças e outros agravos.Parágrafo único. O acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saúde para promoção, proteção e recuperação da saúde da população afro-brasileira será proporcionado pelos governos federal, estaduais, distrital e municipais com ações e serviços em que sejam focalizadas as peculiaridades dessa parcela da população.
Art. 11. O quesito raça/cor será obrigatoriamente introduzido e coletado, de acordo com a autoclassificação, em todos os documentos em uso no Sistema Único de Saúde, tais como:
I – cartões de identificação do SUS;
II – prontuários médicos;
III – fichas de notificação de doenças;
IV – formulários de resultados de exames laboratoriais;
V – inquéritos epidemiológicos;
VI – estudos multicêntricos;
VII – pesquisas básicas, aplicadas e operacionais;
VIII – qualquer outro instrumento que produza informação estatística.




(6)

(7)


Você é racista?
SIM
NÃO


Você acha que a maioria dos brasileiros são racistas?
SIM
NÃO


Quantas pessoas racistas você já conheceu na vida?
0 a 5
5 a 10
10 a 20
mais de 20