Racialista: Espero que vocês tenham entendido o que é raça. Hoje explicarei a dívida histórica dos brancos para com os negros.
Blog: Do que se trata esta dívida?
R: Ora! É a dívida dos brancos que escravizaram os negros africanos.
B: Mas a escravidão existe no mundo inteiro (Europa, Oriente Médio, África, América) há milênios. A escravidão sempre foi a regra, não a exceção. (1)
Inclusive a escravidão dos negros africanos pelos muçulmanos foi muito maior (a maioria mulheres para escravas sexuais, os homens eram castrados) que a do continente americano (a maioria homens para o trabalho escravo). (2)
E, comprovadamente, os negros africanos escravizam outros negros africanos e vice-versa desde o sec. VII d.C até hoje. (3)
R: Sim, mas os brancos sequestraram os negros da África.
B: O termo sequestro é inapropriado. Sabemos que eles foram comprados de negros africanos donos de escravos: o famoso comércio negreiro. Brancos e negros usufruiram da mão-de-obra escrava. Até o princípio do século XX, o escravo era o principal item de exportação da economia africana. (4)
R: Mas temos que condenar veementemente os brancos europeus e americanos que foram donos de escravos.
B: Foi a cultura ocidental (europeia, cristã, “branca”) que teve a ideia de acabar com a escravidão mesmo contra os interesses dos negros escravagistas africanos. (4)
R: Temos que ter cabeça aberta. É outra cultura, outra realidade. Defendemos o multiculturalismo.
B: E os negros brasileiros que foram donos de escravos?
R: Condenamos apenas os brancos.
Como você não dá conta do genocídio, do crime hediondo que foi a escravidão brasileira! - Miriam Leitão, jornalista de economia.
B: Não houve genocídio. Na economia e no comércio escravagista os escravos eram mercadorias, valiam dinheiro e ninguém jogava dinheiro fora. Os escravos para exercerem o trabalho pesado tinham de ser bem cuidados e estimulados à reproduzir (gerava mais escravos) - isso é o oposto de genocídio!
Atualmente classificamos, corretamente, a escravidão como crime hediondo. Mas, como vimos, a escravidão foi a regra na história da humanidade (1,2,3,4) e não faz o menor sentido aplicar categorias normativas atuais a outra era histórica. Eu acreditava que fosse dispensável dizer, mas os homens e as mulheres do passado pensavam, agiam e viviam de maneira diferente. Olhar o passado com o que sabemos hoje é matéria de sabedoria; julgá-lo com esses instrumentos é produzir obscurantismo.
Legislar retroativamente com vistas a compensar ações que não eram, nem tinham como ser consideradas criminosas no passado equivale, entre outras coisas, a um sentimento totalitário de prepotência, à idéia de que, de alguma maneira, o passado pode ser alterado, corrigido, punido ou compensado. Os escravos que existiram e morreram, bem como os senhores ou traficantes, fossem eles africanos, brasileiros, árabes, otomanos, bizantinos, chineses, mongóis, persas, aztecas etc., que também viveram e já morreram estão além e a salvo da justiça ou injustiça dos viventes. - Demétrio Magnoli.
R: Discordo totalmente. Nós temos que corrigir, punir e compensar pelas coisas erradas que aconteceram no passado, mesmo sem ter sido consideradas erradas na época.
B: Vocês também condenam os regimes escravagistas atuais ou só os do séc. XIX? Regimes totalitários do séc. XX usaram escravos; os nazistas...
R: (interrompendo) Sim, é claro; seus campos de concentração, genocídios, suas fazendas e fábricas com mão-de-obra escrava e muitas outras atrocidades que gostaria de discorrer em outra oportunidade.
B: E sobre os regimes comunistas com seus campos de concentração, genocídios, suas fazendas e fábricas com mão-de-obra escrava e muitas...
R: (interrompendo) Eles estavam construindo um mundo melhor.
E lá se foram 45 anos. Quanto tempo deveria levar esta construção?
Até a instalação total do comunismo.
B: Atualmente, séc. XXI, na Coréia do Norte e em Cuba, seus cidadão não tem liberdade para sair do país, não podem ler ou dizer o que quiserem, são obrigados a trabalhar onde mandam; são presos, castigados e fuzilados se se insurgirem contra o sistema comunista ou se tentarem fugir... (5)
R: Mas são muito bem cuidados e felizes: tem assistência médica, aprendem a ler e a escrever, o governo escolhe os livros e as informações adequadas para seus cidadãos...
B: Exatamente como faziam os senhores de escravos.
Vocês condenam os países africanos como Sudão e Mauritânia onde existem milhões de escravos negros ATUALMENTE?
R: Temos que aprender a respeitar as outras culturas, não podemos julgar as outras culturas com base em nossos valores - este é um do princípios do multiculturalismo.
B: Entendi. A escravidão não é um mal em si. Em alguns casos é justificável por estar dentro de um processo revolucionário para um mundo melhor ou por fazer parte da cultura local atualmente. Temos que corrigir, punir e compensar a escravidão que fez parte da cultura mundial no século retrasado. (6)
R: É.
B: Depois puniremos os negros que escravizaram outros negros, os portugueses por terem matado índios, os índios por terem vencido guerras e terem matado e canibalizado outros índios; os ingleses por terem roubado o ouro português; americanos, russos, alemães, italianos, japoneses, chineses, tibetanos (para quem não sabe, o atual Dalai Lama tinha 30 mil servos analfabetos à disposição em seu palácio até serem conquistados pela China), árabes, bárbaros, mongóis, aztecas, romanos, gregos, egípcios, sumérios... Os próprios negros que foram escravizados na África e vendidos para o Brasil são descendentes de tribos escravagistas e dos egípcios que escravizaram os judeus.
Onde está a tribo, a nação dos homens bons? Quem são aqueles a quem todos os outros (maus) devem indenizar? (7)
R: O marco inicial tem que ser a escravidão no Brasil. O que aconteceu antes não nos interessa. (8) Queremos apenas indenizar os negros brasileiros pelo que os brancos brasileiros fizeram.
B: Muitos negros emigraram e continuam emigrando para o Brasil após o final da escravidão, logo eles estão fora das cotas?
R: Não. Eles estão contemplados nas cotas.
B: Mas...
R: (interrompendo) Eu já disse, eles estão nas cotas.
B: Os descendentes de negros que tiveram alforria e logo depois compraram escravos negros estão fora das cotas?
R: Não. Eles estão contemplados nas cotas.
B: Mas...
R: (interrompendo) Eu já disse, eles estão nas cotas.
B: E os descendentes de italianos, alemães, japoneses, poloneses que emigraram para o Brasil exatamente devido ao fim da escravidão - chegaram sem nada porque passavam fome em seus países...
R: Eles são brancos, por isso têm que pagar a dívida.
B: Mas você não disse que, para facilitar a indenização por escravidão, o início seria a escravidão no Brasil?
R: Eu já disse, eles têm que pagar a dívida porque são brancos.
B: Sabemos que 90% dos brasileiros (com pele branca, mestiça ou negra) tem ancestralidade europeia (DNA). Logo não importa se a pessoa que será indenizada seja descendente de escravizadores e também de escravizados?
R: As coisas seriam muito mais fáceis se tivessem proibido as relações sexuais entre pessoas de raças diferentes.
B: Como que é?
R: Desculpe, pensei alto.
B: Tá. Pelo que entendi a dívida histórica não tem relação nem com os descendentes daqueles que escravizaram e nem com os que foram escravizados no Brasil. A “dívida histórica” é mais uma ideia imaginária entre opressores e oprimidos - faz parte de uma ideologia.
Reconhecer efetivamente quem são os descendentes de cada lado não importa. O importante é que os negros tenham privilégios porque... sim.
Mas daí caímos no tema da primeira entrevista onde vimos que as raças...
R: (interrompendo) Não gostaria de falar mais sobre este tema já tratado.
O que é mais importante enfatizar é que temos que fazer alguma coisa para mudar esta situação. Lutamos por Justiça Social, para acabar com as Desigualdades, com a exploração Capitalista; sim, “um outro mundo é possível”.
Ideia Central:
“Dívida histórica” de uma “raça” ou de um povo para com o outro é um conceito imaginário, que não se pode definir.
A “dívida histórica” seria dos descendentes dos escravizadores para com os descendentes de escravos.
Os brasileiros são miscigenados, descendentes de ambos.
“Dívida histórica” é um conceito ideológico.
Na próxima parte da entrevista vamos entender porque o Brasil é um país racista e as medidas que o governo com apoio de ONGs brasileiras e internacionais apoiadas pela ONU vem implementando.
Notas:
(1)
Por Demétrio Magnoli - Uma Gota de Sangue:
A escravidão foi, durante milênios e até há cerca de dois séculos, a regra, não a exceção, no mundo inteiro. Populações de todo o tipo foram escravizadas pelos mais variados agentes. A própria palavra “escravo” se refere originalmente aos eslavos cativos (ancestrais dos atuais russos, poloneses, iugoslavos etc.) que eram vendidos, durante a Idade Média, nos mercados de Bizâncio e do Oriente Médio muçulmano. Todas as civilizações antigas (Grécia, Egito...) ou medievais se valeram do trabalho escravo, incluindo as pré-colombianas da Meso-América, que, antes da chegada dos europeus, faziam prisioneiros de guerra entre as demais tribos ou civilizações locais não apenas para submetê-los ao trabalho forçado, mas também para sacrificá-los no alto de suas pirâmides e, em seguida, consumir canibalisticamente sua carne.
(2)
Por Olavo de Carvalho:
O número de escravos transportados para os países árabes e para o Ocidente não foi de onze milhões de cada lado, mas, segundo as fontes mais atualizadas, foi de nove a dez milhões para cá e de quinze a dezessete milhões para lá.
Como o aprisionamento de escravos entre os séculos XVI e XVIII foi monopólio dos árabes e de algumas tribos africanas, e como obviamente o escravo não se torna escravo quando é vendido, mas sim desde o momento mesmo em que é aprisionado, torna-se claro que praticamente todos os que foram vendidos aos europeus tinham sido, antes disso, escravos de muçulmanos. Estes aparecem, portanto, como os maiores tiranos escravagistas de todos os tempos, responsáveis pelo aprisionamento e escravização de algo entre 25 e 28 milhões de pessoas, das quais venderam aproximadamente um terço ou pouco mais aos europeus.
Além de serem campeões absolutos do aprisionamento e venda de escravos, os verdadeiros criadores do tráfico escravagista organizado em escala continental e transcontinental, os muçulmanos foram também os pioneiros na criação de doutrinas racistas que justificavam a escravização dos negros por conta da uma pretensa inferioridade natural que chegava a excluí-los da espécie humana. Essas doutrinas eram voz corrente entre as elites árabes desde pelo menos o século XI, setecentos anos antes de se disseminarem na Europa, onde só penetraram, aliás, no preciso momento em que se levantavam, para enfrentá-las vitoriosamente, as primeiras idéias abolicionistas, às quais o mundo islâmico permanece imune até hoje.
Cruzar o oceano num porão infecto de navio, amontoados no chão entre ratos e baratas, foi para os escravos que vieram para a América uma experiência indescritivelmente cruel, mas como compará-la à de atravessar a pé um continente inteiro, amarrados uns aos outros por ferros e cangas que os rasgavam e sangravam, sob o sol esturricante e o chicote do feitor? A mortalidade nas caravelas era alta, mas a do tráfico muçulmano era incomparavelmente maior – sem contar o fato de que, para a maioria dos escravos machos, ser levados para as nações árabes em vez de atirados ao porão de um navio português ou espanhol equivalia a uma condenação à morte, já que os esperava ou a execução sumária (os árabes estavam interessados era em mulheres e crianças), ou a castração, da qual, segundo Richard Burton, sobrevivia um para cada duzentos, ou, na mais branda das hipóteses, o alistamento obrigatório num corpo de exército, logo enviado para morrer no Exterior.
Tráfico de escravos no Islam:
1) Livros
BAEPLER, Paul (ed.), White Slaves, African Masters. An Anthology of American Barbary Captivity Narratives, Chicago and London, Chicago University Press, 1999.
BILÉ, Serge, Quand les Noirs Avaient des Esclaves Blancs, Saint-Malo, Pascal Galodé, 2008.
CHEBEL, Malek, L’Esclavage en Terre d’Islam. Um Tabou Bien Gardé, Paris, Fayard, 2007.
DAVIS, Robert, Christian Slaves, Muslim Masters: White Slavery in the Mediterranean, the Barbary Coast, and Italy, 1500-1800, New York, Palgrave Macmillan, 2004.
GORDON, Murray, L’Esclavage dans le Monde Arabe, Paris, Robert Laffont, 1987.
HAMMOND, Peter, Slavery, Terrorism and Islam, Cape Town (South Africa), Christian Liberty Books, 2005.
HEERS, Jacques, Les Négriers en Terre d’Islam, VIIe-XVIe Siècle. La Première Traite des Noirs, Paris, Perrin, 2003.
LAL, Kishori Saran, Muslim Slave System in Medieval India, Columbia (Missouri), South Asia Books, 1994.
LUGAN, Bernard, Afrique, l’Histoire à l’Endroit, Paris, Perrin, 1989.
LUGAN, Bernard, Histoire de l’Afrique. Des Origines à nos Jours, Paris, Ellipses, 2010.
MILTON, Gilles, White Gold. The Extraordinary Story of Thomas Pellow and Islam’s One Million White Slaves, New York, Farrar, Straus and Giroux, 2004.
N’DIAYE, Tidiane, Le Génocide Voilé. Enquête Historique, Paris, Gallimard, 2008.
NAZER, Mende, Slave. My True Story, New Yor, Public Affairs, 2003.
PETRÉ-GRENOUILLEAU, Olivier, Traites Negrières. Essai d’Histoire Globale, Paris, Gallimard, 2004.
SEGAL, Ronald, Islam’s Black Slaves. The Other Black Diaspora, New York, Farrar, Straus and Giroux, 2001.
YE’OR, Bat, Les Chrétientés d’Orient entre Jihâd et Dhimmitude, VIIe-XXe Siècle, Paris, Les Éditions du Cerf, 1991.
YE’OR, Bat, The Dhimmi. Jews and Christians under Islam, London and Toronto, Associated University Presses, 1985.
2) Artigos interessantes disponíveis na internet:
3) Vídeos:
(3)
Por Paul. E. Lovejoy, historiador da escravidão africana:
Europeus escravizaram europeus, asiáticos escravizaram asiáticos, americanos pré-colombianos escravizaram americanos pré-colombianos e africanos escravizaram africanos. Ainda nos séculos 18 e 19, piratas do norte da África capturavam regularmente navios europeus ou americanos e vendiam suas tripulações e passageiros nos seus mercados de escravos. O tráfico transatlântico, do qual participaram membros das mais diversas etnias, línguas e confissões, foi, sem dúvida, uma das maiores empreitadas escravistas, mas o tráfico negreiro rumo às terras islâmicas não foi menor e perdurou por mais tempo. Hoje mesmo ainda há milhões de escravos em países como o Sudão e Mauritânia - estes países estão na África!
(4)
Por Demétrio Magnoli - Uma Gota de Sangue:
As guerras entre Estados africanos tornaram-se mais comuns nas áreas sob a influência dos empórios negreiros, pois a captura e escravização passaram a figurar como fontes essenciais de riqueza para as chefias. As guerras crônicas entre os ashantis e os acans forneceram, para as chefias de ambos os lados, muitos dos cativos que foram vendidos como escravos nos empórios da Costa do Ouro. Entre 1814 e 1816, os ashantis conduziram uma sangrenta guerra contra uma coalizão dos akins e akwapis para recuperar acesso a portos marítimos e, desse modo, aos traficantes europeus. No Congo, a população escrava chegou a representar cerca de metade do total. O reino Ashanti, que dominou a Costa do Ouro por três séculos, tinha na exportação de escravos sua maior fonte de renda. Os chefes do Daomé tentaram incorporar seu reino ao império do Brasil para vender escravos sob a proteção de d. Pedro 1º. Em 1840, o rei Gezo, do Daomé, declarou que “o tráfico de escravos tem sido a fonte da nossa glória e riqueza”.
Em 1872, bem depois da abolição do tráfico, o rei ashanti dirigiu uma carta ao monarca britânico solicitando a retomada do comércio de gente. A conexão africana no sistema internacional de comércio de escravos pesa como uma rocha em certos países da África. “Não discutimos a escravidão”, assegura Barima Kwame Nkye XII, um chefe supremo do povoado ganes de Assin Mauso, enquanto Yaw Bedwa, da Universidade de Gana, diagnostica uma “amnésia geral sobre a escravidão”.
A “amnésia” concerne, especialmente, ao papel desempenhado pelos chefes ashantis, cujos descendentes continuam a ocupar lugares destacados na sociedade ganesa. Uma história oficial procura estabelecer uma distinção absoluta entre a escravidão tradicional, descrita como mais ou menos benevolente, e o tráfico internacional, que é atribuído exclusivamente aos europeus. Contudo, em algumas regiões africanas, descendentes de escravos não têm, até hoje, o direito de herança.
Por Reinaldo Azevedo, jornalista e blogueiro:
Informações que dizem respeito à história do Brasil e da África estão sendo tratadas por alguns oportunistas como manifestações do “negacionismo”. Recorrem a tal expressão para tentar estabelecer um paralelo absurdo, estúpido, descabido, entre os que se opõem ao sistema de cotas exclusivamente raciais. Combater as cotas, assim, seria sinônimo de negar a escravidão. É uma barbaridade! Coisa de vigaristas! E o mais escandaloso é que isso está sendo feito em nome da democracia.
(5)
Por Demétrio Magnoli:
Regimes comunistas, como Coréia do Norte e Cuba, escravizam suas populações ainda hoje. Para quem não sabe os cubanos são aprisionados em uma ilha, para sair eles tem que fugir de barco ou desertar após atividades esportivas ou sendo médicos após irem trabalhar em outros países. O único meio de informação é o jornal do governo fartamente distribuido que serve para limpar o bumbum depois de fazer as necessidades porque não existe papel higiênico. As outras barbaridades ficam para outro dia. É curioso, portanto, ver aqueles que ou fazem a apologia ou simplesmente fecham os olhos à escravização de toda a população cubana - e da Coréia do Norte) - culparem pessoas inocentes pela escravização de gente morta há mais de um século.
A campanha contra o trabalho escravo foi uma iniciativa de europeus e americanos, principalmente cristãos ingleses como William Wilbeforce.
A liberdade de expressão que as inúmeras propostas do governo Lula fazem de tudo para tolher permitiu, por exemplo, todas as campanhas abolicionistas na Europa, Estados Unidos e Brasil; sem ela é bem provável que a escravidão teria perdurado por mais tempo. A bem dizer, uma das liberdades confiscadas ao escravo é a de se expressar.
(6)
Por Demétrio Magnoli:
A escravidão mais perigosa e perniciosa não é aquela abolida há um século ou mais, mas, antes, aquela que já existe e aquela que segue nos ameaçando com seu retorno iminente em cada ato ou ação que corrói e enfraquece a democracia. Quem quer que tente impedir a livre expressão das opiniões alheias não está, de modo algum, compensando ou remediando a escravidão passada, mas, sim, instaurando a futura. Por sorte, e ao contrário do que sucede com a escravidão do passado, esta é uma luta contra a qual todos os homens de bem podem - e devem - lutar.
(7)
Por Olavo de Carvalho:
Rousseau imaginou - e acreditaram - que os selvagens eram os homens bons. Até o dia em que a Europa conheceu os aztecas e os índios americanos. A história da civilização Ocidental e da África é a história das guerras e conquistas que, a partir do séc. XIX, contaminou a civilização oriental.
(8)
A política de cotas — para poder atropelar a ordem legal, para poder aviltar o princípio da igualdade previsto na Constituição, para poder incentivar o confronto de supostas raças distintas — precisa estar assentada numa idéia de culpa; ela precisa de um mito fundador: os brancos que há hoje seriam descendentes dos brancos subjugadores, e os negros que há hoje seriam os descendentes dos negros subjugados. Assim, os primeiros compensam os segundos. Ainda que os brancos pobres — que vêm a ser a esmagadora maioria — e nem os ricos(!) não sejam, de nenhum modo, herdeiros do mandonismo dos senhores de engenho. O fato de que negros foram escravizados antes por negros — e, portanto, uma idéia de reparação baseada “naqueles séculos de opressão” teria de encontrar seus alvos também na “Mãe África” — é insuportável porque desfaz aquele mito fundador. Então se acusa a verdade de “negacionista”; então se acusa quem lida com os fatos de ser, sabe-se lá, “reacionário”… No Brasil a escravidão ainda existia e nosso maior escritor - Machado de Assis - já era mulato!