Sejam bem-vindos!

Amigos,
Duas vezes por mês deixarei um pequeno artigo sobre coisas que a tradição, a sabedoria popular, a imprensa, as frases prontas e os clichês nos fizeram acreditar!
Os textos anteriores ficarão em três pastas: "Vamos aos Fatos", "Deixe o Cara" e "Atualidades". Sugiro ler os artigos a partir do primeiro; e à noite tem mais clima!
A intenção é lançar o tema para discussão. E a discussão pode ficar bastante interessante. A vantagem é que daí, pessoalmente não precisaremos falar nada sério. Espero que gostem, comentem sobre o tema, curtam, acrescentem, discordem, expliquem melhor, coloquem reflexões, frases... e indiquem aos amigos para que façamos um grupo aberto pensante.
PENSAR MAIS, ACREDITAR MENOS!
Divirtam-se, Carlos Nigro

quarta-feira, 30 de março de 2011

“Temos de acabar com os preconceitos!” Você acredita mesmo nisso?




O deputado Jair Bolsonaro, depois de afirmar que sente “saudades da ditadura” e que ser gay é “falta de palmadas”, agora afirma que seu filho não corre o risco de namorar uma negra porque “ele não freqüenta ambientes de promiscuidade”. Preconceitos.


As pessoas que expressarem seus preconceitos devem ser processadas e condenadas?
“É claro que sim!”
Eles mudarão de opinião por terem sido condenadas?
“É claro que não!”
Se eles voltarem a expressar seus preconceitos por várias vezes, afinal não mudarão de opinião, acabarão sendo presos?
“Sim.”
Logo, os preconceituosos não podem manifestar sua opinião ou serão presos.
“É o que nós, do bem, pensamos.”


Um grupo de homens, toda 4a feira, jogam bola, bebem e conversam - todos sabem que não devem levar as esposas. Prisão neles?

A viúva Dona Arminda diz para as amigas que não abre a porta da sua casa para homens-negros desconhecidos. Ela merece cadeia?

A dona de casa Iracema não contrata baianas para trabalhar na sua casa “porque são preguiçosas”. Cadeia?

Anderson (pernambucano, negro, 1,84m) e Dona Enedina (evangélica) preferem outro médico ao Dr. Felipe porque ele é gay. Cadeia para Anderson e Enedina?

O Dr. Felipe estava passando por uma rua deserta. No momento em que viu quatro skinheads andando no sentido oposto correu para dentro de um restaurante. Os skinheads devem processá-lo por preconceito?

O sexólogo Adalberto afirma que a espécie humana é naturalmente bissexual e que a cultura nos faz hetero. Os heterossexuais devem processá-lo?

É proibido com pena de prisão ter opiniões diferentes da oficial.


Muitos afirmam que defendem na liberdade de expressão.
É moleza quando as pessoas são livres para dizer coisas com as quais concordamos. Mussolini, a ditadura militar brasileira, Fidel Castro, Chavez, Kadafi, o talebã, Ahmadinejad, também acreditavam e acreditam nela.

O falso crente na liberdade de expressão, o autoritário enrustido é desmascarado (até para surpresa dele mesmo) quando deseja calar, processar, prender, “extirpar”1 as pessoas que dizem coisas que discordam, ou que consideram idiotas, até repulsivas. A sua dificuldade de conviver com as diferenças aparece.


Clubes, associações privadas, religiões, são livres para discriminar; as pessoas devem ser livres para se associar como quiserem. A tolerância está ao aceitarmos que pessoas se juntem para expressar ideias que achamos repugnantes.
Estas ideias não podem incitar a violência - é crime e existem leis para punir.

Agredir alguém (psicológica ou fisicamente) porque a pessoa é judia, muçulmana, gay, boliviano, americano, mulher, criança, idoso, branco, índio, pedinte, paulistano, baiano, lixeiro, político, empresário, rica, esnobe, brega, gago, gordo, manco, míope, bundudo, pintudinho, homem-heterossexual-branco-cristão... são agressões motivadas por preconceitos.
E se o indivíduo for agredido e violentado (psicológica ou fisicamente) para roubar o tênis? Se a agressão for por nada será um atenuante?
O preconceito, outro motivo ou a ausência de motivo são irrelevantes. A violência, contra qualquer pessoa, é o crime; e para isso já existem leis.

É escancaradamente autoritária a ideia de que, sob o pretexto de proteger minorias, se restringe a liberdade de expressão e de culto religioso, igualando opinião e convicção a agressão física.



Pessoas e ideias diferentes causam insegurança física e das próprias convicções tão bem formadinhas. Então, estas pessoas diferentes são classificadas num preconceito para que o cérebro possa raciocinar menos, poupar energia e reagir rápido.
O medo é a causa do preconceito que é mais uma categorização, mais uma ideia pronta que funciona muito bem para pessoas idiotas e ignorantes.

Preconceito não se combate com leis, cotas, discriminações, conceitos falsos, restringindo as liberdades individuais e de expressão.
Preconceito se combate evidenciando o despreparo, a falta de argumentos, a falta de cultura, a mente estreita, o medo e a forma de como são manipulados e suas mentes aprisionadas.


Piadas e opiniões consideradas estúpidas são feitas o tempo todo em todo canto do mundo e a Internet facilita a sua difusão.
Marchinhas de Carnaval são preconceituosas (“Amélia”, “O teu cabelo não nega”, “Cabeleira do Zezé”), mas será necessário acabar com elas?
As pessoas não precisam fazer papel de vítimas das marchinhas e procurar os “seus direitos”!


Só dê importância e espaço para um preconceituoso, como fez o CQC, se você concordar com ele.
Se não concorda, converse com o preconceituoso demonstrando sua ignorância ou sua idiotia - com delicadeza, rsrs!
Ou deixe o cara! Não faça um patrulhamento, não perca o humor e não ameace a produção artística.

Acabar com a liberdade de expressão para garantir maior liberdade de expressão!
Todos os regimes autoritários são por um bom motivo.
Conviver com pessoas diferentes é acreditar que todos somos iguais.
A pessoa é livre para odiar quem quiser, ter os preconceitos que quiser.
É a segurança para dizer “não”, para discordar, para pensar diferente, é que distingue democracia.


 
Se ainda agora, você estiver com raiva do deputado Bolsonaro, assuma as virtudes do autoritarismo como meio para um mundo melhor, mais tolerante!

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1. Lula, em campanha para Dilma Roussef no RS, afirma que o partido DEM precisa ser extirpado da política nacional.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Maria Bethânia vai captar R$ 1,3 milhão que iriam para impostos para o seu blog. É claro que ela está certa!


A Lei Rouanet é uma lei democrática que incentiva as empresas brasileiras a, em vez de pagar impostos, investirem nos talentosos artistas brasileiros.
É uma lei democrática, para todos os artistas brasileiros!
E Bethânia, Gil, Caetano, José Sarney são brasileiros! Também têm os mesmos direitos. Só porque eles têm bastante público e por conseguirem patrocínio de grandes empresas com facilidade garantindo publicidade, não poderiam receber alguns milhões do governo?1
“Mas é muito dinheiro!”
Muito dinheiro pra você. Eles são milionários! Se eles pedem dinheiro para o governo, não faz sentido ser pouco dinheiro. E se recebem é porque o governo achou que merecem.

“Todos têm direito ao dinheiro público para fazer cultura?”
É claro que sim. Desde que seja artista.
O Brasileiro é artista por natureza. Você não vê a ginga do corpo; o jeitinho pra tudo; a cervejinha que une o policial e o marginal, inimigos só a trabalho; o fiscal que te entende; os vizinhos que dividem a mesma TV a cabo e internet; o relógio da água que não funciona; a malícia nas pequenas coisas; o funcionário público que cobra tão pouco para te facilitar tanto; o político amigo que basta pedir que ele te arruma consulta médica, uma vaga na escola ou uma geladeira; coisas tão nossas, que fazem o Brasileiro ser o que ele é. Orgulho de ser Brasileiro!
O Brasileiro já nasce artista, por isso todos querem ser ator, cantora, jogador de futebol e modelo quando criança. É um dom natural! A educação opressiva das escolas, a imposição desta cultura burguesa que impõe matemática, biologia, física, química, biologia, métodos científicos, escolas técnicas para que as pessoas já tenham uma profissão e todos esses valores liberais fazem nossas crianças perderem seus sonhos, seus dons artísticos naturais!
Libere o artista que existe dentro de você!
Escreva livros, crie peças de teatro, produza filmes, exponha suas pinturas, esculturas, faça uma apresentação de balé de sua filha! Faça até seu blog pessoal!
A cultura brasileira é muito rica!

“Mas quanto eu posso pedir?”
Ora, quanto for necessário. Você é do tamanho de seus sonhos! Pense grande, sonhe alto, peça muito e receberás; isto diz muito sobre suas possibilidades.
O Estado apóia a cultura! Afinal, quanto vale um sonho?
Quanto vale o sorriso de Bethânia recebendo seus incentivos para seu blog?
E aquele cineasta que nunca conseguiu arrumar dinheiro na iniciativa privada burguesa e de repente tem três milhões de reais para seu filme?
E aquele músico que nunca conseguiu vender seus discos para a classe média alienada e de repente recebe uma bolada para produzir seus shows?
Emoção. Isso não tem preço. A cultura não tem preço!

“Mas que tipo de cultura eles apóiam?”
Aí está a beleza da lei. Não existe hierarquia!
Todas as manifestações culturais, artísticas são válidas! Tudo é relevante. A Orquestra Sinfônica de São Paulo não vale mais que o Frevo, o Fricote, ou o Maracatu. O MASP não vale mais que a Casa da história do Sarney, a Casa do Bumba-meu-boi e outras modalidades da cultura nacional.
Toda arte é possível. Com o Estado patrocinando a cultura nós não ficamos dependendo da boa vontade dos empresários capitalistas-exploradores, do bom humor e do reconhecimento artístico da classe média que só pensa no que é melhor para a própria família. Não dependemos destes julgadores que diriam se nossa arte é boa ou ruim. A cultura é para o povo. Este povo humilde, analfabeto, que nunca leu um livro, é para este povo que proporcionamos o acesso à cultura!
Não levamos esta cultura conservadora, de livros de 200, 500 anos atrás, hierarquizada por estes intelectuais que nunca pegaram numa enxada, que não sabem o que é passar fome!
A Lei Rouanet é progressista porque traz o que é novo, o que nossos artistas estão produzindo, aqueles milhares de artistas que, se não houvesse a lei, teriam que trabalhar em fábricas, em fazendas, no comércio ou teriam que se vender ao sistema e virarem empreendedores-exploradores.

“Quem é o responsável para liberar a grana para mim?”
Seu projeto cultural terá que ser aprovado pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), que reúne representantes de artistas, empresários, sociedade civil (de todas as regiões do país) e do governo. Esta aprovação segue estritamente a legislação.
“Democrático.”
Sim. Todos devem estar em harmonia.
Os artistas são os maiores interessados em cultura. Empresários inovadores que preferem fazer negócios com o governo a ter que se prostituir no mercado selvagem. ONGs e outras pessoas com visão cultural engajada politicamente representam a sociedade civil. O governo do povo ajuda a decidir quais projetos são de interesse cultural para uma maior conscientização popular.
Para receber o dinheiro público você deve ser um artista engajado pela causa de um mundo melhor fora do mercado capitalista. Uma arte aplicada, didática, para o povo; em sintonia com governos progressistas. 
É melhor criar em harmonia com outros artistas, freqüentando o meio artístico, respeitando os funcionários do Ministério da Cultura. Desta forma você nunca precisará trabalhar em outra atividade para conseguir dinheiro ou se vender ao mercado para conseguir financiamento privado.

“E o dinheiro que eu ganhar será todo meu?”
Sim, claro! Você merece!
“E se ninguém ver tudo que eu fiz? E se eu perder todo o dinheiro?”
Não tem problema nenhum! Esta lei é de incentivo à cultura, para a produção artística engajada para este povo sofrido. Se eles não querem saber da cultura que oferecemos (o governo, os artistas, os empresários conscientes e a sociedade organizada), nós não vamos desistir de levar cultura a todos os cantos deste imenso Brasil, de incentivar todas as iniciativas culturais!

“Tem gente que faz cultura sem este incentivo do Ministério da Cultura”
Sim, são aqueles que se venderam ao sistema e produzem filmes, música e outros produtos comerciais e populares que rendem dinheiro.

“Que horror! Nos EEUU é assim também?”
Sim. É o pensamento capitalista-burguês-liberal. Lá os mercenários só investem dinheiro naquilo que eles acham que é bom, e eles consideram bom aquilo que o povo americano e mundial vai gostar, visando o lucro!
“Só querem dinheiro. E o governo, consente?”
Claro! O governo arrecada bilhões de dólares em impostos e, por isso se vende aos interesses das pessoas que procuram cultura.
“Ah! Lá as pessoas pagam por cultura; aqui o governo oferece cultura e mesmo assim ninguém vê!”

LEIA TAMBÉM: Parte 1 - Leis de incentivo à Cultura.
                            Parte 2 - "A Indústria Cultural manipula o povo."
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1. “Não sou masoquista para trabalhar só com artistas malsucedidos. O ministério não tem vocação de irmã Dulce nem de Madre Teresa de Calcutá.” - Ministro da Cultura Juca Ferreira explicando porque o MinC investe também em artistas bem sucedidos.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Dia da mulher (M)


“Oito de Março - dia da mulher (M). Como em todos os programas de TV, jornais e revistinhas temos que lutar contra o preconceito e mostrar como as M são discriminadas na sociedade ocidental.
Você acredita mesmo nisso?


Ø 21% das M trabalham. 74% dos homens (H) trabalham (IBGE 2010).
Raciocínio lógico dos especialistas e colunistas: Pessoa que não trabalha está desempregada; logo o desemprego é muito maior entre as M devido à discriminação contra a M.
Mundo real: 1) O índice de desemprego está muito baixo, quase no nível de pleno emprego (pleno emprego não significa 0% de desempregados porque existem desempregados que assim estão por serem despreparados para o emprego que desejam).
2) Pessoas que não trabalham podem, por muitas razões, não querer trabalhar (cuidar da casa, dos filhos, o marido ganha bem, vive de renda, mora com os pais, com o tio, ganha mesada do amante e outros motivos).

Ø As M trabalham menos horas que os H nas mesmas profissões (IBGE 2010).
Raciocínio lógico dos especialistas e colunistas: As M trabalham menos porque trabalham em casa, com os filhos devido à discriminação contra a M; “é preciso rever o conceito sobre a ideia de que criar filhos é obrigação da M”.1
Mundo real: 1) Muitas M gostam de cuidar da casa e dos filhos e não estão querendo “rever este conceito” para trabalhar mais...  Atualmente muitos H gostariam de trabalhar menos para estar mais com os filhos, com a esposa, ter mais lazer...
2) Muitos H divorciados lutam na justiça para estarem metade do mês com seus filhos. As M são contra - as feministas devem ser, coerentemente, a favor.

Ø Quem decide a decoração da casa é, em 94% das vezes, a M; quem decide para onde viajar é, em 92% das vezes, a M. Quem decide, na vida doméstica, é a M há séculos.
Raciocínio lógico dos especialistas e colunistas (mas que se esqueceram de escrever): as M mandam nos H que são discriminados.
Mundo real: a M cuida mais das atividades domésticas; isto implica tomar decisões.

Ø A renda média anual das M é de 12mil reais e dos H, 20mil (IBGE 2010).
Raciocínio lógico dos especialistas e colunistas: As M ganham menos que os H devido à discriminação contra a M.
Mundo real: 1) Por “falta de atenção” dos analistas (“errar é humano”) fez com que não associassem com o fato de trabalhar menos.
2) A maioria das M médicas recebe o mesmo valor por consulta, mas por trabalharem menos, tem renda mensal menor. Para outras profissões liberais acontece a mesma coisa.
Não existe nos concursos públicos uma nota de rodapé: “Caso o cargo vir a ser preenchido por uma M o salário será 40% menor.”
Nas empresas privadas, casos em que a M recebe menos que o H (com mesma função, mesma carga horária e mesma produtividade) são raríssimos, mesmo porque o empresário sabe que isto causaria desmotivação e diminuição da produtividade.
Para serviços temporários é comum o H ser mais audacioso (cara-de-pau) e propor um valor maior. Neste caso a M poderia começar a se valorizar mais e agir da mesma forma; mas isto cabe à M, não é culpa de preconceitos.
3) A maioria das M casadas pensa no seu salário para pagar suas próprias despesas e complementar a renda familiar. A maioria não gosta da situação em que seu marido tenha renda menor ou até igual a ela.
4) Não encontrei o método usado para achar esta média (os dados divulgados são preliminares), mas deve ter entrado todos aqueles que trabalham, mesmo que seja muito pouco. Espero que as pessoas que não trabalham não tenham entrado para forçar a renda das mulheres mais para baixo (não duvido!).

Ø No Brasil, as M estudam mais que os homens (H): média de 10 anos; H, 9,3 anos. A maioria dos Doutores titulados anualmente é M. A maioria dos médicos formados é M.
Raciocínio lógico dos especialistas e colunistas (mas que se esqueceram de escrever): o H sofre preconceito. O governo precisa criar uma secretaria especial que zele pela igualdade sexual na educação!
Mundo real: as M valorizam mais a educação e procuram profissões que dependam mais de conhecimento intelectual.

Ø A M é minoria nos cargos de chefia, diretoria e presidência.
Raciocínio lógico dos especialistas e colunistas: Os H não deixam as M terem crescimento profissional - discriminação.
Mundo real: No ambiente de trabalho, todos sabem que existem M e H muito competentes (nem todos os H, nem todas as M). Alcançar cargos de chefia exige muita competitividade, é preciso vencer os concorrentes. As M não querem abdicar de cuidar e acompanhar o desenvolvimento dos filhos e de sua vida pessoal para uma maior dedicação ao trabalho.

Ø 36% dos funcionários públicos são M; 64%H.
Raciocínio lógico dos especialistas e colunistas: O Estado Brasileiro é preconceituoso. Para compensar criamos uma lei de cotas para que as M ocupem 30% dos cargos eletivos.2
“Mas não faz sentido uma lei para 30% se já ocupam 36%!”
Mundo real: Quem disse que as leis de cotas foram feitas para fazer sentido?

Ø Dilma é eleita Presidente da República.
Raciocínio lógico dos especialistas e colunistas: Uma M é eleita vencendo o preconceito. Teremos uma administração feminina!
Mundo real: Dilma não venceu as eleições porque é M, mas simplesmente porque Lula a escolheu para passar a sua popularidade. Da mesma forma ele passaria sua popularidade para um H.
Mas ele a escolheu exatamente por acreditar que sendo M e inexperiente será mais fácil dominar e manipular a sua criação - Íris Resende e outros sabem disso.
Lula sabia que a possibilidade de permanecer sendo o chefe de sua cria seria nula - Maluf, Perilo e outros sabem disso.
Paradoxalmente a eleição de Dilma foi a vitória do machismo escancaradamente enaltecido por toda a campanha eleitoral.
Após a vitória Lula aconchega a cabecinha de Dilma em seu peito: “Boa menina! Continue assim” – Dominação, infantilização, autoritarismo.
Não existe administração feminina. Se Dilma fizer um bom governo não significa que as M sejam competentes. Se fizer um governo ruim não significa que sejam incompetentes.


Ø As M vão mais ao médico, se alimentam melhor e vivem mais que os H (66 anos M; 62 H)
Raciocínio lógico dos especialistas e colunistas (mas que se esqueceram de escrever): os H são discriminados pelos médicos. Não comem para dar mais comida aos filhos e à M.
Mundo real: 1) muitas M cuidam mais da saúde e geneticamente vivem mais.
2) Muitos H acreditam que cuidar da saúde e ir ao médico são sinais de fraqueza.

Ø “A M é mais sensível para os sentimentos humanísticos e para a noção de justiça”.3
Raciocínio lógico dos políticos, do especialista e do jornalista: reforçar clichês e a sabedoria popular para mostrar que está em harmonia com o povo. Talvez as pessoas falem e escrevam o que vier à cabeça mesmo.
Mundo real: M engravidam, amamentam e têm uma quantidade limitada de filhos. Isto faz com que, na maioria das vezes, tenha um vínculo muito forte com seus filhos. Ser do sexo feminino não faz a pessoa “ter mais sentimentos humanísticos ou ser mais justa”.


Pessoas machistas existem e existirão sempre e em todos os lugares. Leis não fazem as pessoas mudarem de ideia.
O importante não são as leis contra a discriminação, mas lutar para acabar com as leis discriminatórias contra as M.
Há quatro meses Lula, Chavez, Fidel, Kadafi e outros humanistas se abstiveram de votar resolução da ONU contra as leis de apedrejamento de M adúlteras no Irã - H adúlteros não são apedrejados. Felizmente foram minoria.


O Ocidente e o Brasil não têm leis discriminatórias contra a M. Os Brasileiros não são preconceituosos, o preconceito é mal visto. Pessoas preconceituosas existem e não mudam por decreto.

As M estudam, trabalham o quanto quiserem, casam, separam e têm filhos se e quando quiserem, são independentes.

Para os feministas a M deve fazer tudo o que o H faz para mostrar que é competente. O H e o que ele faz é a referência para estas cabecinhas. As M devem trabalhar mais, ficar menos com os filhos, serem presidentes para mostrar que são capazes. Por que tanta insegurança? Por que tanto sentimento de inferioridade?
Resposta: a ideologia da divisão da sociedade em grupos (artigo futuro).

O dia da M é uma homenagem merecida às M.
A M não precisa de análises distorcidas das estatísticas para reforçar mitos e agradar ao senso comum.

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1. Jornalista Mirian Leitão.
2. Senadora Marta Suplicy.
3. Governador Marconi Perilo.

ENQUETE

Você, mulher, sente-se desvalorizada por ser mulher?

Sim

Não