Sejam bem-vindos!

Amigos,
Duas vezes por mês deixarei um pequeno artigo sobre coisas que a tradição, a sabedoria popular, a imprensa, as frases prontas e os clichês nos fizeram acreditar!
Os textos anteriores ficarão em três pastas: "Vamos aos Fatos", "Deixe o Cara" e "Atualidades". Sugiro ler os artigos a partir do primeiro; e à noite tem mais clima!
A intenção é lançar o tema para discussão. E a discussão pode ficar bastante interessante. A vantagem é que daí, pessoalmente não precisaremos falar nada sério. Espero que gostem, comentem sobre o tema, curtam, acrescentem, discordem, expliquem melhor, coloquem reflexões, frases... e indiquem aos amigos para que façamos um grupo aberto pensante.
PENSAR MAIS, ACREDITAR MENOS!
Divirtam-se, Carlos Nigro

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Amor - Parte 3: Pensar mais em si mesmo é ser egoísta?

“Pensar mais em si mesmo é ser egoísta”.
Você acredita mesmo nisso?
A tirania das pessoas boas (1)
Amor - Parte 3


Individualidade é observar, conhecer e cuidar de si mesmo. É ser independente, autêntico; é tornar-se quem se quer ser .
Isso não implica ser indiferente ou passar por cima dos outros.

O amor é uma arma muito eficaz para o egoísta, muito mais eficiente que a individualidade porque ama para possuir.


Mas a pessoa egoísta e a altruísta são hipóteses extremas, caricaturas fora da realidade. O egoísta ficaria sozinho, assim agiria contra si mesmo. O altruísta faz bem para si. São situações misturadas indescritíveis.



Pessoas de bom coração acreditam que amar é sacrificar a própria individualidade para o bem de todos. Todos, não significa todas as pessoas da sociedade ou do planeta, mas todas as pessoas que eu gosto, ou que precisem de mim, ou da minha coletividade ou todas que pensam como eu para um mundo melhor. Todas as pessoas de um grupo.


No grupo, os indivíduos reais são esvaziados em nome do, abstrato e hipotético, bem comum.
Dentro deste grupo existem os indivíduos que são amados (A) e os que amam (B) numa relação de dependência.

Um grupo só existe porque muitos não podem entrar. A formação dos grupos é a incitação da guerra.
Os integrantes de um grupo sempre consideram que seu grupo é melhor ou superior aos outros grupos e mais ainda às pessoas sem grupo. Aliás, não existem outras pessoas a serem consideradas, mas outros grupos. As pessoas sem grupo são a escória de individualistas “egoístas”.
A relação é: nós contra eles. O bem contra o mal.





É muito provável que se faça mal aos outros pertencendo a um grupo.
Pessoas que não desenvolveram a sua individualidade se aproveitam desta relação de dependência para o egoísmo, para a maldade e, às vezes, para o ódio.

Em decorrência de tanta bondade, de tanto amor, os “grupos organizados da sociedade civil” defendem políticas baseadas no amor. Para o seu grupo, é claro!
A possibilidade de uma relação amorosa entre duas pessoas ser satisfatória é baixa e sujeita a muitos riscos. A possibilidade de políticas públicas baseadas no amor darem certo é nula - sempre dá merda!



Para o triunfo do Bem é politicamente legítimo mentir, roubar, prender, matar1... afinal não estamos ao lado do Bem? O mal, o individualismo, o egoísmo, os que discordam dos bons precisam ser vencidos, certo?

Estas políticas assistencialistas só se realizam mediante a dissolução das vontades individuais numa hierarquia de comando que culmina na pessoa do guia iluminado, do Líder, do Imperador, do Führer, do Pai dos Povos, do homem bom que sabe o que é melhor para todos.
A generosidade coletiva culmina no império do “Indivíduo Absoluto”. E esse indivíduo, que a propaganda recobre de todas as pompas de um enviado dos céus, não é jamais um exemplo de santidade, virtude e heroísmo, mas de maldade, abjeção e covardia. A generosidade estatal é o triunfo do Egoísmo Absoluto.2



Cada indivíduo, único, pertencente à espécie humana é muito mais ético e moral porque enxerga e aceita todas as outras pessoas diferentes como iguais; porque respeita a integridade e defende a liberdade de escolha que cada pessoa pode fazer. Todas as pessoas do mundo!
Por isso proíbe que se usem outras pessoas como meros instrumentos para o hipotético e abstrato bem comum. Assim, impede propósitos egoístas.


O desenvolvimento dos valores da intimidade, da vida privada não é um recolhimento individualista, egoísta, mas um humanismo maduro. Os problemas do indivíduo tendem ao coletivo.
O individualismo está ligado à desvinculação das tradições comunitárias. Uma mulher que se recusa a casar a força no Irã é individualista, não egoísta.

Quando estamos sadios não sentimos partes isoladas do corpo, sabemos que se trata de um todo integrado e essa consciência gera um sentimento de bem estar e serenidade.
O funcionamento da mente do indivíduo saudável, ativo, potente, sereno não é “nós contra eles”, é “todos nós”. “Todos nós” é a consagração da potência da individualidade única e infinita, diferente de todos os outros, mas em igualdade - não há superioridade e inferioridade, todos os indivíduos são iguais. Um todo integrado e essa consciência geram um sentimento de bem estar e serenidade.
Não existe a intenção de vencer o mal, aniquilar o inimigo que tem ideias diferentes ou mesmo opostas. Não existe um projeto, uma finalidade a qualquer custo.
A graça, o interessante, são os debates, as ideias novas, os novos dilemas éticos que forem surgindo. Liberdade é, apenas e exclusivamente, a liberdade dos que pensam diferente.3

A pessoa saudável (B) conhece e gosta de si mesma, tem relações afetivas leves, quer dar mais e receber menos.
Está madura para o verdadeiro amor, para cuidar de outras pessoas (A) ajudando-as a si tornarem saudáveis e independentes.
Recuperada, ex-A precisa parar, observar sua mente, o que importa, para se conhecer melhor e tomar atitudes para se tornar uma pessoa melhor; madura e apta para um amor leve.
Quanto mais competente o individuo for para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva.

Um amor verdadeiro tem mais liberdade, menos dependência, mais alegria e prazer de estar junto.
O aproximar-se (amor) e o afastar-se (individualidade) torna possível seguir simultaneamente o impulso de liberdade e a ânsia por pertencimento.4

O amor não dá sentido a nada.
Ninguém agüenta a paz, a harmonia, o aconchego: isso é a morte! Nosso cérebro é muito ativo para vivermos no paraíso.
Em vez de procurar o paraíso perdido (AMOR) vá em frente e faça a sua história (INDIVIDUALIDADE); dê o sentido.



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1.    Trotski
2.    Olavo de Carvalho
3.    Rosa Luxemburgo
4.    Flávio Gikovate

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Amor - Parte 2: All you need is love

“All you need is love”.
Você acredita mesmo nisso?
Amor - Parte 2



Amor é o que precisamos para tratar nossa sensação de desamparo e incompletude. Procuramos amor nas pessoas que ofereçam paz, aconchego, tranqüilidade, harmonia. (1) Então sentimos prazer decorrente de se estar mal, doente.
As pessoas não querem amor. As pessoas precisam de amor.
Esta é a fraqueza humana. Muitas vezes se torna uma doença causada pelo complexo materno (o desejo de fracassar, do aconchego da mãe).

O amor é o remédio para ficarmos saudáveis, ativos, independentes; ou, pelo menos, para aliviar o sofrimento.

Como todo remédio deve ser prescrito somente em casos de necessidade, na menor dose e pelo menor tempo possível porque tem efeitos colaterais muito prejudiciais, vicia e pode nos tornar dependentes!
O amor é regressivo, mimado, chato, monótono, repetitivo, enjoativo, egocêntrico. Infantiliza, impede o desenvolvimento da personalidade.
“Bobagem, impossível, é exatamente o contrário!”
Vamos lá!




Indivíduo A precisa de amor porque está carente, precisa de ajuda. Está sem autonomia.
Indivíduo B tem amor para oferecer a A, quer cuidar de A.

Comentário 1)
B não pode se aproveitar de sua posição superior para oferecer a A o que quiser. O amor não pode ser imposto como a história da velhinha que não queria atravessar a rua:
B: “Só fiz isso porque te amo!”
A: “Mas eu não queria! Esqueça de mim!”
Isto acontece porque não é possível compartilhar afetos. B acredita que sabe o que é melhor para A - sua posição superior lhe dá esse crédito. Mas cada um sente de uma forma. B espera que A sinta o que ele sente e, por isso faz o que gostaria que fizessem para ele.
O amor já era!


  A deve pedir ajuda, pedir amor a B. B ama A.
  B deve servir a A sem esperar nada em troca.
“Nem um ‘muito obrigado’?”
Nem um “obrigado”.


Comentário 2)
O amor é usado como uma troca de afetos onde A ama B esperando (mesmo sem saber) ser amado por B. O amor estimula a vaidade porque espera esta reciprocidade.
Então B está carente (não assume porque está em posição superior) e ama A (o inferior) de forma que receba seu amor de gratidão.
B trabalha com seu amor para possuir, subjugar, escravizar, para que A passe a ser dependente de seu amor e, assim, possa continuar a receber o amor de A.
O alcoólatra não é livre para apreciar o álcool. O dependente de amor e de amar não é livre para apreciar o amor.
O amor, num círculo vicioso para o buraco negro!


Comentário 3)
B amará, cuidará e fará bem para A se, com suas atitudes, ajudar A a tornar-se saudável, seguro, potente e independente de seus cuidados, de seu amor e de qualquer amor. O amor é necessário para que A consiga se recuperar e tenha condições de se manter e se desenvolver com o seu próprio esforço.
B só estará apto para esta tarefa se estiver saudável, livre, sem a necessidade ou o desejo de amar e/ou de ser amado; sem o medo da ruptura e do ciúme, sem a esperançade ser correspondido.
Amar com medo e esperança é estar a um passo da maldade e do ódio.
A alegria, a potência, a felicidade, a serenidade só existem onde não houver medo, esperança e amor.

Assim, saudavelmente, surge a INDIVIDUALIDADE

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1. Flavio Gikovate

LEIA TAMBÉM: Amor - Parte 1: O amor é um sentimento humano!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Amor - Parte 1: O amor é um sentimento humano!

“O amor é um sentimento humano!”
Você acredita mesmo nisso?
Amor - Parte 1



Primeiro era o Caos. Do Caos surgem Gaia (Terra), e Urano (o céu estrelado) agarrado a Gaia como se fosse uma segunda pele numa relação intensa, profunda e contínua. Tudo em harmonia, integrado, em unidade, completo; nada faltava - a eternidade. Da separação dolorosa entre Gaia e Urano surge o Espaço e nasce Cronus (Tempo). O futuro se abre. A história começa.



Durante a vida intra-uterina; o feto, a mãe, o líquido amniótico; tudo está integrado, junto, numa relação intensa, profunda e contínua. Tudo em harmonia, integrado, em unidade, completo; nada falta. Para o feto não existe espaço, não existe tempo. O Paraíso; a eternidade. Da separação dolorosa entre feto e mãe surge o Espaço que contém todos os seres e coisas e é campo de todos os eventos; e nasce o Tempo. O futuro se abre. A história começa.




Sexo era (ou é) uma luta. Ora a mulher (M) escolhida não queria e tinha que ser estuprada, ora tinha primeiro que brigar e até matar outro homem (H) que também desejasse a mesma M, caçar outra M; e elas sempre preferiam os poucos H alfa.
Para facilitar o sexo e ter menos despesas cada H resolveu ter a sua própria M. Eles as protegiam dos outros H e dos mamutes, e traziam comida; em compensação elas tinham que estar disponíveis para o sexo sempre que quisessem e cuidar dos seus filhos.
Como para o H é dispendioso sustentar o filho de outro H, ele sente ciúmes de traição sexual. A M sente ciúmes do envolvimento emocional que diminuiria a proteção e o cuidado.

A M que tivesse outras relações faria com que este H a protegesse por não saber se era seu filho. O H que tivesse outras relações espalharia seus genes e não precisaria sustentar. A traição fazia sentido para os doisO instinto sexual voltado ao bem estar da espécie, não do indivíduo.
A monogamia e a preocupação com a fidelidade da M surgiram da necessidade de que os filhos fossem realmente do H que os sustentavam. A monogamia e a preocupação com a fidelidade do H surgiram da necessidade da manutenção do sustento. Pensando bem, a monogamia e a fidelidade foi bom para os dois! O instinto sexual dominado para o bem estar do indivíduo, não da espécie.

Assim, naturalmente, surge a família!





O aparecimento da família teve como conseqüência o início do vínculo sentimental entre o H e a M, e entre pais e filhos - não foi o contrário.
Este sentimento evoluiria culturalmente até se tornar o que chamamos de amor. E o amor fortaleceu a família. E os dois fortaleceram a vida em sociedade.

Fortaleceu a sociedade porque nos reconhecemos no outro. Isso explica a compaixão e a identificação de uns com os outros compartilhando dores e alegrias, uns dos outros. Se eu firo você, estou prejudicando meu próprio ser último. É a compaixão, não a razão que é o fundamento da ética e do amor nas relações interpessoais.
Mas o amor é uma questão de sentimento e não de vontade, e não posso amar porque quero ou devo. Na falta de ética e de amor, devemos não fazer mal aos outros por uma questão moral.


Não, o amor não é um sentimento humano. Não faz parte da natureza humana. Antes da família já éramos humanos e sem amor. O amor nos fez melhor.

O amor é o assunto mais íntimo, mais forte, mais agradável!

“O amor requer muita dedicação!”
Existe alguma coisa errada com o amor. Vamos destrinchar?


No útero o aconchego era máximo e não sabíamos nada. Assim, tudo era paz, harmonia, completude, único, num prazer contínuo.
A partir do momento que nascemos, passamos a desejar a harmonia e a eternidade perdida.
Para alguns é o sentido da vida: a busca pelo paraíso perdido.

Assim, carentemente, surge o AMOR!

“All you need is love”.
Você acredita mesmo nisso?

quinta-feira, 30 de junho de 2011

“A tortura é inadmissível.” Você acredita mesmo nisso?



1) Juan e sua família foram acusados, por uma denúncia anônima, de não comerem carne de porco. A Santa Inquisição da Igreja Católica, por suspeitar que fossem judeus, torturou Juan e família por vários dias até confessarem que eram judeus e depois foram mortos.

2) Sanah traiu seu marido. Foi condenada ao apedrejamento. O método consiste em não atirar pedras pequenas porque ferem pouco e nem grandes porque podem ser fatais. Sanah sobreviveu e disse que não faria mais isso.

3) David e seus irmãos nasceram em família judia. Nazistas e comunistas os torturaram e os mataram por serem judeus. Eles não conseguiram deixar de ser.

4) Igor era um agricultor trabalhador e competente. Discordava do regime socialista-comunista soviético. Os comunistas torturaram Igor por se opor ao regime. Igor disse que não falaria mais sobre política, mas mesmo assim foi mandado para um Gulag na Sibéria onde morreu após 1 ano.

5) Dráuzio era comunista no Brasil e, por isso escrevia artigos em jornais. Foi torturado pelos militares. Não escreveu mais artigos.

6) Maria e Raul queriam fugir de uma Ilha (Cuba) onde estavam presos desde que nasceram. Seus planos foram descobertos, foram torturados e presos. Agora dizem que adoram viver em Cuba.

7) Luan, filho dos comerciantes Samanta e Jéferson foi seqüestrado. Após 7 dias os seqüestradores mandaram a sua orelha numa caixa. Um dos seqüestradores foi preso, mas disse que não iria contar onde o menino estava confinado. Só disse que estava amarrado num porão de uma casa na periferia de São Paulo. Após ser torturado pelos policiais ele confessou o local e o menino foi libertado.

8) Após a vitória do PSDB nas eleições de 2014, terroristas das FARC explodem uma bomba no metrô do Rio de Janeiro - 256 mortos. Afirmam que já colocaram uma bomba em São Paulo. Um dos terroristas é preso. É torturado por dois dias e confessa que a bomba está no metrô Clínicas. A polícia interdita a estação e a bomba explode matando três policiais do esquadrão anti-bombas.
*

Então você estava indo bem... “sou uma pessoa boa, sou contra a tortura”. A partir da situação 7 ficou triste por perceber o que se passava em sua cabeça e pensou: “não posso ser induzido a aceitar a tortura, sou uma pessoa boa!”

O que aconteceu?
A vida cotidiana faz com que você não perceba, mas você vive relativamente bem com as outras pessoas por causa do pacto, do pacto social.


O pacto social serve para não sermos assassinados. Se o outro está prestes a romper o pacto, ele se desfaz.
Por isso a lei da legítima defesa.
Se uma pessoa está claramente em via de te matar ou matar teu filho, você reage e o mata. Isto é legal. Acredito que, praticamente, todos agiriam assim.
Se um governo totalitário e genocida - como os fascistas, o nazista, os comunistas - oprime seus cidadãos ou declara guerra ao seu país, você reage, vai à guerra e mata. Isto é moral.
Matar outra pessoa não é uma atitude boa, mas pode ser necessária.

Com a tortura é a mesma coisa.
Nas situações 1 a 6, a tortura foi empregada para restringir as liberdades de ir e vir, de pensamento, de expressão, de imprensa e religiosa. Um crime hediondo, repugnante e inadmissível.

As situações 7 e 8 são situações de legítima defesa. Seqüestradores e terroristas romperam o pacto social. Não é uma coisa boa torturar, assim como não é matar em legítima defesa. Mas uma necessidade para efetivamente salvar vidas inocentes. Seqüestradores e terroristas não estão inocentes.
Mas após, estes mesmos seqüestradores e terroristas, terem seqüestrado ou matado dezenas de pessoas, os crimes estarão consumados e a tortura não pode ser de maneira alguma empregada por motivo de vingança ou punição; o motivo moral da legítima defesa não existe mais.

Ser contra matar ou torturar em todas as situações mantém a pessoa pura à custa da morte do próprio filho ou de centenas de pessoas. Se fosse ela a seqüestrada prestes a ser assassinada e surgisse a possibilidade de matar o seqüestrador e fugir, ela o faria.

“Mas a tortura nem sempre funciona!”
Realmente, principalmente nas situações 1 a 6 que são aquelas inadmissíveis. Nas situações 7 e 8 pode ser eficaz e salvar vidas; mas tratar aquele que rompeu o pacto social seguindo as normas do pacto social é deixar a civilização refém da barbárie. É ser uma vítima fácil de uma chantagem hedionda permanente.



 *Todos os exemplos são reais. Mudam apenas nomes, locais ou datas.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

“As pessoas são boas.” Você acredita mesmo nisso?




Muitas pessoas não admitem a existência do mal porque assim se sentem pessoas boas. Admitir a existência do mal é abrir a possibilidade de ser uma pessoa má. A ideia é que somente pessoas más veem maldades; pessoas boas não veem maldades. O mal não existe para pessoas boas.
Não veem o mal como o que é, o fato, a ação; o mal é sempre outra coisa.

O sujeito estuprou a moça porque ela estava de pernas de fora numa rua deserta.
O pai, estuprador e assassino austríaco, explicou o que fez porque sua mãe batia nele e porque queria ver sua filha longe das drogas e das más companhias.
O sujeito atirou nas crianças em Realengo porque seus colegas o ridicularizavam na escola.
O sujeito deixa uma bomba numa praça porque é a melhor forma de sua causa ser conhecida.
O sujeito rouba porque a propaganda na TV o estimula a consumir, mas ele não tem dinheiro.
O político rouba porque o sistema quer.
A palavra “porque” serve para explicar alguma coisa; e como mágica a explicação vira uma verdade. A causa determina seu efeito lógico e irremediável. O uso do “porque” tira a responsabilidade do indivíduo, é como se ele não tivesse outra escolha.
O homem fica livre para desobedecer as regras sociais e seguir seus instintos animais.


“O mal não é culpa de quem age. É culpa dos seus genes, do ambiente, dos outros.”
Enfim, as pessoas só são más porque vivem neste mundo, neste universo, nesta dimensão; se vivessem em outro mundo, no paraíso ou em outra dimensão cósmica seriam boas. Só são más porque são... humanas. E por isso não podem ser responsabilizadas por seus atos humanos? A ideia socialista é que a culpa é de tudo, menos da própria pessoa! 

Interessante notar que as mesmas pessoas que não condenam estas maldades acima, condenam veementemente as pessoas que emitem opiniões das quais discordam inclusive caracterizando-as como o mal, pois estão do lado oposto ao do bem - o lado delas.


Esta crença deriva da ideia de que todas as pessoas são boas. Apenas doenças mentais ou distúrbios psicológicos levariam alguém a agir assim. Ou ainda devido a problemas sociais ou a falta de oportunidades. Pessoas más são aquelas que discordam disso.





Quebrando o mito:
estado de natureza, o estado de guerra de todos contra todos nunca existiu! Rousseau fez essa suposição teórica sem nenhuma evidência histórica.
Desde o surgimento do Homo Sapiens os homens sempre se organizaram em grupos sociais.

A natureza fez os animais muito desiguais uns dos outros. Há uma ordem de presa e predador. No topo está o homem com sua capacidade de associar idéias e modificar a natureza e subjugar os outros animais.

razão faz com que os homens tenham a mesma capacidade de matar uns aos outros. Os homens são iguais como inimigos, o mais fraco tem força suficiente para matar o mais forte, quer por secreta maquinação, quer aliando-se a outros.
Só o homem pode escolher entre fazer o bem ou o mal. A maldade só existe nos homens.

O medo humano de uma morte violenta faz com que o homem abra mão de sua liberdade – liberdade, inclusive, de matar alguém – e crie a sociedade e o Estado. Assim,o ponto de partida para a criação do Estado não é a razão, mas o medo – um sentimento.

Sem a sociedade o homem teria um medo contínuo, o medo da morte violenta. A vida do homem seria solitária, pobre, tosca, bruta e breve.
A vida civilizada força o indivíduo a fazer o bem.


“A culpa de todos nós.”
Não, a culpa é dele.
Pessoas psicopatas ou com problemas psicológicos fazem o mal sorrateiramente porque sabem que é errado.
Pessoas que sofreram na infância (o pai alcoólatra o agredia, a mãe gostava mais do caçula, os pais se separaram, os colegas da escola o chamavam de dentuço, via propagandas da Adidas e não tinha dinheiro para comprar o tênis) ou não tiveram oportunidades (para ser engenheiro, médico, escritor, ator, modelo, jogador de futebol, músico, eletricista, mestre-de-obras, jardineiro ou piscineiro) podem escolher  entre fazer ou não fazer o mal.

É verdade que maus tratos na infância atrapalham o desenvolvimento da empatia (1) e que pessoas de personalidade fraca são mais sensíveis a ambientes, situações e a outras pessoas, favorecendo atitudes maldosas.

É mentira que a desigualdade de bens materiais leve naturalmente à criminalidade. A ideia seria que pobres são criminosos ou potenciais criminosos? Pobres honestos, responsáveis e trabalhadores seriam uma minoria? (2)

Lembre-se: você é o que fizer com o que fizeram (genética, experiências) de você. Nascemos diferentes, temos experiências (boas e ruins) e depois fazemos nossas escolhas.

A culpa não é minha. Não tenho culpa pelo atirador de Realengo, pelo Ossama ou pelos conflitos na Síria.
Assim como não sou culpado pelo sucesso da Apple, do Google e pela descoberta do genoma. Ou você quer que eu seja culpado apenas pelas coisas ruins?
Mas tenho culpa quando voto num político ruim. O voto (uma ação) é uma escolha (a abstenção também) responsável.


“E se a pessoa não tiver controle sobre sua doença mental ou seu desajuste social?”
Existem áreas cerebrais envolvidas no controle da maldade. Presume-se que a pessoa não tenha controle sobre estas áreas; mas controla muito bem a situação para esconder a maldade dos outros. Se ela não tem controle, deve ser internada para tratamento.

Para vivermos em sociedade é importante deixar claro que alguns comportamentos são inaceitáveis.
Se ela cometer crimes ela prova ser uma pessoa perigosa e deve ser afastada do convívio com os outros. Devem ser julgadas e condenadas.
20% dos presos são psicopatas que assim diagnosticados poderiam ser afastados dos presos comuns. Psicopatas são pessoas muito influentes e facilmente ocupam posições de liderança em muitas atividades humanas (nas cadeias, nas empresas, na política). São professores de maldades.
Cumprida a pena, estão livres. Reincidindo, novas punições.

O crime e a punição devem ser proporcionais. Não literalmente proporcional. A pena de morte é uma punição demais severa com maior possibilidade de não ser aplicada. A morte do criminoso é um espetáculo passageiro e menos terrível que a longa privação da liberdade trabalhando para a sociedade. A certeza da punição proporcional ao crime é mais eficaz.

Penas severas e torturas servem apenas para demonstrar o poder do soberano.

Numa tortura vingativa o inocente frágil confessa qualquer coisa, o culpado pode resistir.

A punição não deve ter caráter vingativo, voltada ao passado. A punição deve servir para a prevenção geral (coletiva) ou específica (ao delinquente). Deve ser rápida. O fim é impedir danos aos outros e dissuadir outros de fazer o mesmo.

Existem pessoas que já cometeram crimes, não foram punidas e cometem novos crimes. Culpa de quem? Da polícia, da justiça e da própria pessoa.

O jornal FOLHA de SP acredita que apenas os crimes violentos (feitos quase sempre por pobres) devem ser punidos com cadeia. Os crimes de corrupção (políticos) e financeiros (banqueiros e empresários) (feitos quase sempre pelos ricos) deveriam ser punidos com prestação de serviços à comunidade.

Mas além de punir também é preciso oferecer um tratamento para a doença social chamada “maldade” se a pessoa quiser (como todas as doenças). Terapias comportamentais e/ou medicamentosas são mais eficazes que apenas a punição. São tratamentos para aumentar a empatia.
Poderiam até mesmo serem tratados preventivamente se quisessem.(3)


Existem pessoas que encaram o mal como uma tarefa. O mal para um bem maior. Fanáticos religiosos e fanáticos políticos (para implantar suas ideologias sociais) pensam assim. (4)

Para o socialista-comunista o Mal está na classe social, no empresário, no sistema. O Mal está fora do indivíduo. Está no outro. O outro é o culpado por meus problemas e por minhas maldades.


A maneira de maximizar tanto a liberdade como a segurança recíproca de todos é o pacto social.
O pacto de não usar toda a força física e aceitar a sociedade é subentendido e não histórico. A cada instante em que uma pessoa abre mão de sua capacidade de matar renova-se o pacto. O homem, então, canaliza a competição para outras atividades que não gerem morte violenta.
O segundo pacto de que o homem participa para a paz é a sujeição a um poder, o Estado, que garantirá o pacto.

Os pactos deixam as pessoas mais perto da civilização e mais distante da barbárie.
Aqueles que violam o pacto devem ser punidos. Se não forem punidos, a ordem e a coesão social acabam: selvageria, caos, grupos contra grupos - não é por outro motivo que muitos políticos estimulam o embate entre etnias, raças e classes sociais.

“Um outro mundo é possível” sem as normas e valores da civilização ocidental.
É possível sim. Para quem quiser testar recomendo passar uns dias na Somália ou emigrar para Cuba ou Coréia do Norte (não vale ser amigo dos Castro ou do Kim).


Mal são atitudes maldosas que não gostaríamos que fizessem conoscoFazer o mal é uma escolha.


“Entendi. Matar, torturar são atitudes más, nunca podemos agir assim!”
Você acredita mesmo nisso?

1. A empatia é a capacidade de sentirmos o que o outro sente. Psicopatas não sentem empatia. A pessoa causa mal a alguém porque não está preocupado se o outro vai se machucar fisica ou emocionalmente. Autistas e pscopatas possuem baixa empatia.

2. O estado de SP e a cidade de SP tem um dos mais baixos índices de criminalidades do país. O Nordeste enriqueceu e o índice de desemprego caiu muito, mas a criminalidade disparou.

 No filme Minority Report eles eram condenados preventivamente.

4. Exemplo: os “aloprados” petistas. Mercadante os defendeu dizendo os dossiês inventados contra Serra foram feitos para defender as causas do PT.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Parte 3: "Dependemos da Indústria Cultural.” Você acredita mesmo nisso?


“Mas livros, CDs, cinema, teatro e outros espetáculos compromete o orçamento dos mais pobres. E agora?”
O Estado tem o dever de tomar atitudes que façam com que as pessoas nascidas num ambiente desfavorável (econômica ou culturalmente) tenham oportunidades proporcionais para se desenvolver. Precisam principalmente de educação de qualidade (não de cartilha doutrinadora) e também de cultura geral.
É esperado para o primeiro semestre deste ano a aprovação do Vale-Cultura, um benefício de 50 reais mensais para trabalhadores que recebam até cinco salários mínimos. Este vale só poderá ser gasto em produtos culturais como livros, CDs, DVDs, cinema, teatro e outros espetáculos.
É um incentivo para as pessoas consumirem cultura. Mais democrático (as pessoas têm o poder), mais livre (as pessoas escolhem), meritocrática (os melhores artistas serão beneficiados).
Se o artista acreditar que as pessoas vão querer assisti-lo ele poderá buscar financiamento ou patrocínio.
As pessoas podem gastar estes vales com o que existe de melhor (também em cultura todos querem o melhor), como as grandes obras clássicas universais, de indiscutível qualidade: os clássicos da literatura, da filosofia (existem autores de fácil compreensão), da música, do cinema, da pintura (museus) e outros espetáculos de reconhecida qualidade. São grandes obras porque na particularidade atinge a universalidade, toda a humanidade. Seria um bom parâmetro para gastar os vales.
Os artistas brasileiros terão que se aprimorar sempre para se tornar atraentes, pois estarão competindo com as obras clássicas e as internacionais. Nossos agricultores, empresários, comerciantes, médicos, arquitetos, engenheiros, cientistas fazem isso. Nossos artistas não merecem nenhum privilégio estatal papa produzir cultura.
O Brasil tem setores econômicos competitivos globalmente, em outros somos péssimos.  Nas artes, os músicos são muito capazes para o mercado cultural global. O cinema pode melhorar se o Estado não tentar ajudar.
“Mas competir com os clássicos é muito difícil.”
E quem realmente quer? É triste admitir, mas as grandes obras, muitas vezes, não nos tocam tanto quanto uma música pop, um best-seller ou um filme blockbuster.
Livros de autoajuda, romances leves, música e outras expressões artísticas de qualidade questionável podem ser apenas o início de muitas descobertas para muitas pessoas.
“Novas expressões da arte popular só chegará ao povo com a ajuda do Estado.”
Comida tailandesa também. Como a pessoa pode experimentar de tudo? Nem os artistas profissionais experimentam tudo! A pessoa tem que viver num meio propício para que tenha vontade de conhecer arte contemporânea, ou as novas expressões artísticas nacionais ou estrangeiras. Um livro, uma música, uma pintura, cada expressão artística puxa outra. Deixe a pessoa fazer o caminho que quiser!!!

“Mas sem dinheiro público como os artistas ficarão conhecidos e ganharão dinheiro?”
São cineastas porque querem, são cantores porque querem são atores porque querem. São livres para escolher o seu caminho. E, com efeito, também somos livres para consumir ou não o que produzem. Com investimento público, uma escolha, no entanto, não podemos fazer: deixar de pagar caro para que eles nos “salvem” da ignorância de não conhecermos sua arte!!!
Sem subsídios estatais poderemos ter menos pessoas que sobrevivam da arte que fazem. Mas poderemos ter mais arquitetos compositores, mais engenheiros guitarristas, mais empresários pintores, mais funcionários públicos escritores, mais programadores escultores, mais advogados poetas...
E o mais interessante é que suas artes os tornarão melhores profissionais e suas experiências profissionais influenciarão sua arte!

O artista aprende quais são os caminhos e as pessoas que facilitarão o acesso ao dinheiro público. Eles têm uma noção bastante particular de como arrumar dinheiro. Alegam que é muito difícil ganhar dinheiro no mundo lá fora. Disso ninguém discorda. Políticos, empresários e outros que descobrem estes caminhos e as pessoas para o dinheiro público costumam ser muito bem sucedidos. Não se lembram que o dinheiro público vem exatamente daquelas pessoas que trabalham superando as dificuldades deste mundo lá fora. A situação é tão invertida que artistas que pedem dinheiro público passam a impressão de serem pessoas puras que não ligam para dinheiro.

A internet (Facebook, Twitter, Youtube, Emails...) é a melhor maneira para o artista aparecer, mostrar seu trabalho, ser descoberto e ser disseminado como um vírus por todos aqueles que curtiram seu trabalho para todo o planeta1.
Sites e blogs dos artistam podem servir para vender (literalmente, em dinheiro) seus trabalhos diretamente, sem intermediários. Seus admiradores terão prazer em apoiar pagando diretamente ao artista para valorizá-lo e para que continue produzindo. O consumidor poderia pagar o preço que considerasse justo. Poderia haver, por exemplo, quatro preços por uma música: 60 centavos, 1, 2 ou 4 reais. Quanto vale uma canção?.
Assim como o iTunes vende em seu site, as músicas e os filmes podem ser vendidos em sites próprios ou de associados. Blogs, Facebook, Twitter, vídeos, bastidores, atualidades, loja de artigos do artista, programação dos espetáculos, tudo para um contato direto do artista com seus admiradores-parceiros-consumidores e patrocinadores. Sim, acredito ser possível e economicamente viável para uma parcela dos artistas.
Existem também os sites de “financiamento por multidão” - o crowdfunding. O artista explica seu projeto e de quanto precisa. Quem se interessa oferece o valor que puder seja por altruísmo, para propaganda pessoal ou da empresa, para receber CDs ou DVDs ou, ainda, para participação nos lucros.

Conclusões:
 a pessoa é livre para fazer o que quiser. Gastar ou não com cultura; nacional ou estrangeira; clássicos ou contemporâneos; para diversão ou com lição moral; boas ou ruins (ela valoriza como quiser).
 O Estado ajuda a produção cultural não fazendo nada; e ajuda as pessoas a serem mais cultas dando educação de qualidade para todos e vale-cultura para as pessoas com poucos recursos.
 Uns artistas terão outra atividade remunerada. Outros receberão o que seu público consumir.
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1. O rapper tunisiano, de 21 anos, Hamada Ben-Armor, conhecido como El General, fez a música que inflamou os protestos que derrubaram as ditaduras da Tunísia e do Egito e ainda inflamou os protestos na Argélia e no Bahrein. Ele não precisou de gravadora nem de apoio estatal - obviamente. Da casa de seus pais ele divulgou suas músicas pelo My Space e Facebook.

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