Sejam bem-vindos!

Amigos,
Duas vezes por mês deixarei um pequeno artigo sobre coisas que a tradição, a sabedoria popular, a imprensa, as frases prontas e os clichês nos fizeram acreditar!
Os textos anteriores ficarão em três pastas: "Vamos aos Fatos", "Deixe o Cara" e "Atualidades". Sugiro ler os artigos a partir do primeiro; e à noite tem mais clima!
A intenção é lançar o tema para discussão. E a discussão pode ficar bastante interessante. A vantagem é que daí, pessoalmente não precisaremos falar nada sério. Espero que gostem, comentem sobre o tema, curtam, acrescentem, discordem, expliquem melhor, coloquem reflexões, frases... e indiquem aos amigos para que façamos um grupo aberto pensante.
PENSAR MAIS, ACREDITAR MENOS!
Divirtam-se, Carlos Nigro

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Parte 1 - Leis de incentivo à Cultura. Você acredita mesmo nisso?



A Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), que reúne representantes de artistas, empresários, sociedade civil (de todas as regiões do país) e do governo, acredita que o Estado deva oferecer arte previamente selecionada para o povo. Então, avaliam a arte e os artistas interessados em oferecer cultura ao povo brasileiro. Se aprovarem a manifestação artística, o artista estará liberado para receber milhares ou milhões de reais que seriam pagos em impostos (todos os Brasileiros financiam a sua arte).
Primeiramente a arte era criada por artistas. Depois, a arte se tornou aquilo que os artistas decretavam ser arte. Finalmente, a arte se tornou qualquer coisa que seja vista como arte. É, o trabalho da CNIC não é tão difícil assim. A qualidade da arte é algo bem mais subjetivo.
Os artistas recebem o privilégio do dinheiro público para fazer arte subsidiada. Com dinheiro estatal o artista pode criar sem a necessidade de agradar as pessoas, sem a interferência do mercado, deste mercado livre carnívoro onde todos competem entre si por dinheiro!
O artista só precisou agradar e ser aprovado pela CNIC. A crítica cultural é monopólio da CNIC - esta seleção sobre o que é melhor para o povo, há algumas décadas, era chamada de censura.
O dinheiro é dirigido, principalmente, para os artistas consagrados da ideologia estatal que são a referência para os outros artistas; para a diversão popular (circo) ou para o folclore regional como atração turística.
O Estado em vez de servir ao cidadão, é dono das vontades do cidadão. Os artistas escolhidos e todos os representantes da CNIC têm orgulho do que fazem e acreditam estar, de fato, fazendo um favor para o povo oferecendo a arte correta, engajada, num trabalho árduo em defesa do Brasil. O povo deve agradecer ao governo benevolente e ao artista - o dinheiro público faz parte deste agradecimento.
Para o governo que protege e cuida de seu povo não adianta oferecer educação e conhecimento sobre os mais variados temas porque as pessoas não são capazes de se defender, de decidir, de julgar e de fazer escolhas artísticas conscientes e ponderadas. São crianças. Assim, a sábia elite intelectual, cultural, política e econômica (CNIC) escolhe o que é melhor para o povo. O povo infantilizado se acomoda e diminui cada vez mais sua capacidade de discernimento e de crítica.
A lei e a cultura estatal não incentiva as pessoas a ficarem mais cultas, incentiva as pessoas a serem artistas. Diminui a liberdade artística porque a arte e o artista devem estar de acordo com a CNIC: o Estado escolhendo e controlando a cultura. Agride a livre concorrência porque os artistas estatais são subsidiados. Mantém o povo acrítico, doutrinado e dependente do papai Estado.
É uma arte elitista, aristocrática, autoritária, ideológica.
As manifestações artísticas estatais sempre exaltarão o papel imprescindível de um Estado forte, centralizador, formado por burocratas que sabem o que é melhor para seu povo em todos os aspectos de sua vida.
O poder da arte foi usado nos governos fascistas, na Alemanha nazista, na URSS e seus países satélites durante a Guerra Fria e atualmente é usada nos governos com ideologia socialista - como o nosso.
Na arte socialista, o herói é sempre o sujeito pobre, excluído e sofredor. Os maus serão os independentes, por isso egoístas, adeptos da falta de ordem da vida sem o dirigismo estatal.
A arte aprovada pelo Estado se impõe limites e forma; é estereotipada e simples. É uma arte racional, técnica, fria, aplicada, com finalidade, planificadora, uniforme, constantemente estéril e irrelevante - uma arte didática. Por isso, sem público.
Este padrão é a referência artística sob a qual seus pares o avaliarão. Os artistas mais influentes estão no governo (a atual ministra da Cultura é Ana de Hollanda, irmã de Chico Buarque - petista, fã e defensor de Fidel Castro) e nas revistas culturais. Fica mais fácil a vida do escritor, ator, músico se ele manifestar simpatia pelo paternalismo estatal e pelos incentivos governamentais ou, ao menos, não criticar.
Este nobre fim de ensinar ao povo o que é certo e errado envaidece os artistas que ganham enorme poder e visibilidade neste Estado forte, sábio e protetor. Os artistas crescem e se formam neste ambiente de egolatria, por isso pensam e agem da mesma forma. Sua crítica é sempre dirigida aos trabalhadores da iniciativa privada que, paradoxalmente, são os que pagam a conta.
O artista faz o que tem de ser feito; não se diferencia, é um soldado. Para que escrever, compor, pintar se todos já sabem o que será criado? Suas almas estão vendidas.
Artistas independentes avessos à aceitação da CNIC não se preocupam em usar sua arte para catequizar as pessoas, para ensinar o caminho correto. Por isso eles não estão no governo e são excluídos das revistas culturais.
A criatividade é filha da crítica. Só numa sociedade democrática, sem estereótipos, sem padrões, sem privilégios, sem incentivos o artista é livre para criticar, e então criar.

Não era assim. Durante as décadas da ditadura militar, sem nenhum incentivo estatal - ao contrário, censura - a Bossa Nova se desenvolveu, o Tropicalismo e excelentes artistas apareceram e se firmaram com uma arte inovadora e de repercussão mundial.
Festivais da Record e outros tiveram grande repercussão e descobriram talentos sem a necessidade de dinheiro público. Eram muito atrativos porque era uma competição para que os artistas se exibissem e fosse escolhido o melhor, o vencedor. Provaram ser eficientes porque os melhores colocados foram artistas que continuaram produzindo músicas de qualidade e atualmente são consagrados. Atualmente, os artistas são contra este modelo competitivo, preferem que o Estado financie a todos sem discriminação ou juízos de valor da população (só a CNIC pode discriminar e emitir seu juízo de valor).
Grandes artistas fazem sua arte de maneira descompromissada e independente; expressão de suas vivências genuínas e pessoais e, por isso original. Uma experiência estética, uma espécie de êxtase e redenção. Esta arte poderá ter relevância mundial.
Os artistas podem criar uma arte dirigida para outros artistas, para pessoas que já tenham um conhecimento prévio do assunto ou para uma grande quantidade de pessoas. Sua arte não é livre. Ela foi previamente enquadrada numa categoria, uma arte limitada ao contexto e o artista escravizado pela finalidade.
Artistas que precisam de dinheiro público precisam seguir a cartilha socialista (o Estado acima do indivíduo). Por isso nunca foram nem serão grandes artistas.
Os artistas brasileiros sabiam que, provavelmente, não sobreviveriam à custa de suas obras artísticas. Por isso, Tom Jobim e Chico Buarque fizeram arquitetura, Vinícius era diplomata, Gil fez administração de empresas, e muitos outros estudaram (Belchior estudou Medicina em Taubaté). Mesmo estes gênios e muitos outros artistas clássicos da arte universal trabalhavam em atividades formais e apenas se dedicaram com exclusividade à arte quando já consagrados. Outros artistas ministraram aulas particulares para aumentar seus rendimentos. Os melhores prevaleceram e prevalecerão por seus esforços e talentos. Só os que realmente acreditarem na própria capacidade vencerão as dificuldades que aparecerão.

LEIA TAMBÉM: Parte 2 - "A Indústria Cultural manipula o povo."
                            Maria Bethânia vai captar R$ 1,3 milhão para seu blog.

10 comentários:

  1. Angélica Pellegrino4 de maio de 2011 às 19:23

    Carlos, eu vou usar aqui uma palavra que confesso, não gosto muito, mas creio que se encaixa no perfil do meu pensamento de agora. "Reciclagem". Tudo depende dos conteúdos e da intenção com que se faz essa abordagem cultural. De ambos os lados citados!

    Conforme foi dito no último e excelente parágrafos, "Os melhores prevaleceram e prevalecerão por seus esforços e talentos. Só os que realmente acreditarem na própria capacidade vencerão as dificuldades que aparecerão."
    Pode-se perceber que é cíclico o aparecimento público dessas raridades talentosas. "Somem", passa o tempo, aparecem... varia de época para época. De governo para outro, de mentalidade social para outra.
    Atualmente, no universo clássico da música, somente AGORA é que estão surgindo ou re-surginto jovens talentos impressionantes e audazes, com a capacidade de enfrentar as mediocridades diretoras. Procure ver as discussões e ações de membros jovens da OSESP no Facebook e comprove. Há uns 10 anos isso não existia, ou seja, existia mas escondido, sufocado, oprimido.
    São cíclicas as manifestações e mudanças! Tudo muda, afinal!

    Entre as dimensões características da nossa sociedade, em matéria de saber profissional, de qualificação social e de trajetória individual, encontra-se a reciclagem. Esta implica para cada um, se é que não quer ver-se relegado, distanciado e desqualificado, a necessidade de “pôr em dia” os próprios conhecimentos e globalmente o saber, quer dizer, a “bagagem operacional” no mercado.

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  2. MinC libera 1,9 milhão de reais para a sobrinha (Bebel Gilberto) da Ministra da Cultura (Ana de Holanda).

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  3. Como este vasto Brasil é hipócrita.
    A educação, a segurança, a saúde, a infraestrutura para sub existirmos é irrelevante.
    Vamos dar dinheiro, suado, diga-se de passagem, dos impostos que pagamos, para tudo: políticos, banqueiros, empresários, " ARTISTAS ",
    "sem terras ", " sem tetos ", " sem BMWs ", enfim " OS SEM TUDO ".
    Somente quem trabalha é quem não merece nada. Afinal de contas, somos os grandes culpados das mazelas brasileiras; na
    modéstia opinião da corja que nos governa e das "elites psedo intelectuais estratificadas da cultura brasileira ".
    Isto tudo é extremamente VERGONHOSO.

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  4. Um palhaço iletrado que se elegeu por gozação é nomeado, na Câmara, para a Comissão de Cultura, um cargo para o qual, com toda a evidência, não se requer cultura nenhuma.
    Assim funcionam as escolhas políticas, entenderam?

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  5. Bia Lula, neta de Lula, tem 16anos, é atriz, sua peça é patrocinada pela OI e foi agraciada em R$300.000,00 pelo MinC.

    O Brasil dá oportunidades para todos serem artistas!

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  6. Chico Buarque vai receber uma ajuda financeira indireta do Ministério da Cultura, comandado pela irmã Ana de Hollanda. O empurrão financeiro vai ajudá-lo a vender livros no mercado asiático.
    A Biblioteca Nacional acaba de aprovar o financiamento para a tradução para o coreano do livro Leite Derramado. Em 2011, o MinC chegou a cancelar o apoio da tradução do mesmo livro para o francês devido à possibilidade de conflito fraternal de interesses.
    Agora, amparado em decisão da Comissão de Ética Pública, Ana não tem mais obstáculos legais para ajudar o irmão.

    Voltei
    Pois é… Dado o pensamento político do gigante, deveria ser editado na Coréia do Norte… O problema é que o comunismo, que é do gosto de Chico, não permite que aqueles coitados comprem livros. Ainda que distribuídos de graça, serviriam para fazer fogueira nos invernos rigorosos…

    A Coréia do Sul é um país rico. Se há interesse pela obra literária do sambista, há dinheiro para traduzi-la. Chico e sua editora também são ricos. Se há interesse em levar seu sambinha literário de uma nota só para aquele país, podem arcar com o custo. Mas quê…

    Se os desdentados podem pagar por essa grande conquista da literatura brasileira, por que os endinheirados o fariam? Os comunas chiques não veem em casos assim nem sombra da luta de classes, tá? A propósito: quanto nos custou a tradução de Machado de Assis para o coreano? Como? Não houve? Quando crescer, Machado ainda será um Chico Buarque…
    Rei.

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  7. Guimarães Rosa, um Graciliano Ramos, um Gilberto Freyre, um Manuel Bandeira jamais dependeram da mídia ou de verba estatal para produzir suas altas criações? Confunde-se cultura com show business: este não sobrevive sem a mídia, mas os grandes, os espíritos criadores, trabalham não só longe dela como contra ela. O que quer que ela diga ou faça não pode reforçar ou tolher sua inspiração.

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  8. Financiamento de desfile de moda em Paris: 2,8 milhões de reais

    http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/2013/08/22/a-lei-rouanet-esta-na-moda-literalmente/

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  9. http://www.institutoliberal.org.br/blog/vamos-falar-de-cultura/

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  10. MINISTÉRIO DA CULTURA, FRUTO DO SOCIALISMO E DO NACIONAL-SOCIALISMO
    1) Министерство культуры СССР – “Ministério da Cultura da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas” (criado em 1936). Era conhecido como “Comitê do Estado para as Artes”;
    2) O nacional-socialismo (nazismo) também tinha seu “Ministério da Ciência, Educação e Cultura Nacional”. Seu ministro (Reichserziehungsminister) foi Bernhard Rust (1883-1945).

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