Sejam bem-vindos!

Amigos,
Duas vezes por mês deixarei um pequeno artigo sobre coisas que a tradição, a sabedoria popular, a imprensa, as frases prontas e os clichês nos fizeram acreditar!
Os textos anteriores ficarão em três pastas: "Vamos aos Fatos", "Deixe o Cara" e "Atualidades". Sugiro ler os artigos a partir do primeiro; e à noite tem mais clima!
A intenção é lançar o tema para discussão. E a discussão pode ficar bastante interessante. A vantagem é que daí, pessoalmente não precisaremos falar nada sério. Espero que gostem, comentem sobre o tema, curtam, acrescentem, discordem, expliquem melhor, coloquem reflexões, frases... e indiquem aos amigos para que façamos um grupo aberto pensante.
PENSAR MAIS, ACREDITAR MENOS!
Divirtam-se, Carlos Nigro

quinta-feira, 30 de junho de 2011

“A tortura é inadmissível.” Você acredita mesmo nisso?



1) Juan e sua família foram acusados, por uma denúncia anônima, de não comerem carne de porco. A Santa Inquisição da Igreja Católica, por suspeitar que fossem judeus, torturou Juan e família por vários dias até confessarem que eram judeus e depois foram mortos.

2) Sanah traiu seu marido. Foi condenada ao apedrejamento. O método consiste em não atirar pedras pequenas porque ferem pouco e nem grandes porque podem ser fatais. Sanah sobreviveu e disse que não faria mais isso.

3) David e seus irmãos nasceram em família judia. Nazistas e comunistas os torturaram e os mataram por serem judeus. Eles não conseguiram deixar de ser.

4) Igor era um agricultor trabalhador e competente. Discordava do regime socialista-comunista soviético. Os comunistas torturaram Igor por se opor ao regime. Igor disse que não falaria mais sobre política, mas mesmo assim foi mandado para um Gulag na Sibéria onde morreu após 1 ano.

5) Dráuzio era comunista no Brasil e, por isso escrevia artigos em jornais. Foi torturado pelos militares. Não escreveu mais artigos.

6) Maria e Raul queriam fugir de uma Ilha (Cuba) onde estavam presos desde que nasceram. Seus planos foram descobertos, foram torturados e presos. Agora dizem que adoram viver em Cuba.

7) Luan, filho dos comerciantes Samanta e Jéferson foi seqüestrado. Após 7 dias os seqüestradores mandaram a sua orelha numa caixa. Um dos seqüestradores foi preso, mas disse que não iria contar onde o menino estava confinado. Só disse que estava amarrado num porão de uma casa na periferia de São Paulo. Após ser torturado pelos policiais ele confessou o local e o menino foi libertado.

8) Após a vitória do PSDB nas eleições de 2014, terroristas das FARC explodem uma bomba no metrô do Rio de Janeiro - 256 mortos. Afirmam que já colocaram uma bomba em São Paulo. Um dos terroristas é preso. É torturado por dois dias e confessa que a bomba está no metrô Clínicas. A polícia interdita a estação e a bomba explode matando três policiais do esquadrão anti-bombas.
*

Então você estava indo bem... “sou uma pessoa boa, sou contra a tortura”. A partir da situação 7 ficou triste por perceber o que se passava em sua cabeça e pensou: “não posso ser induzido a aceitar a tortura, sou uma pessoa boa!”

O que aconteceu?
A vida cotidiana faz com que você não perceba, mas você vive relativamente bem com as outras pessoas por causa do pacto, do pacto social.


O pacto social serve para não sermos assassinados. Se o outro está prestes a romper o pacto, ele se desfaz.
Por isso a lei da legítima defesa.
Se uma pessoa está claramente em via de te matar ou matar teu filho, você reage e o mata. Isto é legal. Acredito que, praticamente, todos agiriam assim.
Se um governo totalitário e genocida - como os fascistas, o nazista, os comunistas - oprime seus cidadãos ou declara guerra ao seu país, você reage, vai à guerra e mata. Isto é moral.
Matar outra pessoa não é uma atitude boa, mas pode ser necessária.

Com a tortura é a mesma coisa.
Nas situações 1 a 6, a tortura foi empregada para restringir as liberdades de ir e vir, de pensamento, de expressão, de imprensa e religiosa. Um crime hediondo, repugnante e inadmissível.

As situações 7 e 8 são situações de legítima defesa. Seqüestradores e terroristas romperam o pacto social. Não é uma coisa boa torturar, assim como não é matar em legítima defesa. Mas uma necessidade para efetivamente salvar vidas inocentes. Seqüestradores e terroristas não estão inocentes.
Mas após, estes mesmos seqüestradores e terroristas, terem seqüestrado ou matado dezenas de pessoas, os crimes estarão consumados e a tortura não pode ser de maneira alguma empregada por motivo de vingança ou punição; o motivo moral da legítima defesa não existe mais.

Ser contra matar ou torturar em todas as situações mantém a pessoa pura à custa da morte do próprio filho ou de centenas de pessoas. Se fosse ela a seqüestrada prestes a ser assassinada e surgisse a possibilidade de matar o seqüestrador e fugir, ela o faria.

“Mas a tortura nem sempre funciona!”
Realmente, principalmente nas situações 1 a 6 que são aquelas inadmissíveis. Nas situações 7 e 8 pode ser eficaz e salvar vidas; mas tratar aquele que rompeu o pacto social seguindo as normas do pacto social é deixar a civilização refém da barbárie. É ser uma vítima fácil de uma chantagem hedionda permanente.



 *Todos os exemplos são reais. Mudam apenas nomes, locais ou datas.

2 comentários:

  1. Carlos, parabéns pelo artigo escrito...o que mais me incomoda é o fato do inc�modo ser passageiro nas pessoas....o egoà smo sempre prepondera e preponderá...enqto não se sofre na própria pele, as pessoas simplesmente só se sensibilizam por um segundo e rapidamente voltam pras suas rotinas e vão vegetando...e o sistema pra variar prepondera...e há ainda os que passam por situações que pra nós por exemplo são aterrorizantes, por exemplo o caso do "fulano que foi assassinado qdo estava em casa, seu muquifo, sem sua perna mecânica, com um amigo, qdo o traficante chega, entra com uma cerva gelada, e acaba tentando matar os dois que lá estavam, e que até ontem se diziam amigos da boca, por uma penhora de celular de valor R40,00 que não havia sido paga...o fulano morreu pois ñ correu e o outro fugiu...vc pensa que a familia aprendeu novos valores, novas condutas a partir do ocorrido??infelizmente não...tbem se sensibilizaram no instante e continuam dissimina ndo a discórdia, a lei de gerson, etc....qualquer dia te conto de quem esta và tima era irmão...já imagina ne??triste ...abraços, Lu

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  2. Angélica Pellegrino4 de julho de 2011 às 12:36

    HORROR - HORROR - HORROR!!!
    Só tenho essa palavra para descrever meu sentimento diante desta barbaridade humana. Essa manifestação primitiva do instinto animal.
    Horror e indignação.

    Mas te agradeço Carlos! Por que é sempre bom lembrarmos de que viemos disso, e não podemos mais voltar atrás. Não podemos ignorar que em vários momentos, surgem em nossa mente sintomas de violência, brutalidade e truculência recorrentes. E se não houver o freio moral, com certeza cairemos... talvez em grau menor. Pelo menos os que aqui participam! Já temos o freio do bom senso e do equilíbrio emocional.

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